Ex-líder dos governos Lula e Dilma na Câmara foi preso em SP. É a 1ª vez que 2 fases são realizadas ao mesmo tempo na Lava Jato, segundo a PF.
Duas novas fases da Operação Lava Jato foram deflagradas na manhã desta sexta-feira (18). Em uma delas, ex-líder
do governo Lula e Dilma e ex-deputado federal Cândido Vaccarezza, que
deixou o PT, foi preso temporariamente (por cinco dias). Na outra, o
cônsul honorário da Grécia no Brasil é investigado por suspeita de
participar em um esquema para facilitar a contratação de empresas gregas
pela Petrobras.
Do total de mandados, seis são de prisão de temporária, 29 são de busca
e apreensão e 11 são de condução coercitiva, que é quando a pessoa é
levada para prestar depoimento. Estas são a 43ª e a 44ª fases da Lava
Jato. Até o momento, três pessoas foram presas.
O G1 tenta contato com a defesa dos investigados.
Principais pontos das investigações
- Ações apuram o favorecimento de empresas estrangeiras em contratos com Petrobras.
- Operação Abate investiga fraudes no fornecimento de asfalto para a Petrobras por uma empresa norte-americana, entre 2010 e 2013.
- Funcionários da Petrobras, o PT e, principalmente, Cândido Vaccarezza teriam recebido propinas que somam US$ 500 mil no esquema da Abate.
- Operação Sem Fronteiras investiga o pagamento de propinas para contratação de armadores (transportadores marítimos) da Grécia, entre 2009 e 2013.
- Ao menos 2% dos contratos com as empresas gregas, que superaram US$ 500 milhões, seriam propina para políticos, funcionários da estatal e operadores financeiros.
- As investigações surgiram da delação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Cândido Vaccarezza é o
principal beneficiário de US$ 500 mil em propinas decorrentes em troca
de influência a favor da contratação de uma empresa pela Petrobras
Henry Hoyer de Carvalho, que é operador financeiro, e o irmão dele, que
não teve o nome divulgado, foram presos no Rio de Janeiro.
Entres os alvos de prisão, estão:
- Cândido Vaccarezza - ex-deputado federal
- Carlos Roberto Martins Barbosa - ex-gerente da Petrobras
- Henry Hoyer de Carvalho - operador financeiro
- Luiz Eduardo Loureiro Andrade - executivo da Sargeant Marine
- Márcio Albuquerque Aché Cordeiro - ex-gerente da Petrobras
"A prisão temporária ampara-se ainda nos indícios de prática de crimes
de corrupção, lavagem, além de associação criminosa. A medida, por
evidente, não tem por objetivo forçar confissões. Querendo, poderão os
investigados permanecer em silêncio durante o período da prisão, sem
qualquer prejuízo a sua defesa", afirmou o juiz federal Sérgio Moro –
responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância –
no despacho em que autorizou as prisões.
Uma das operações foi batizada de Sem Fronteiras. Segundo a PF, o foco é
a relação ilícita entre executivos da Petrobras e grupo de armadores
gregos para obtenção de informações privilegiadas e favorecimento
obtenção de contratos milionários com a empresa brasileira.
As investigações tiveram início a partir de relato do colaborador e
ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e se
desenvolveram com a análise de materiais apreendidos na 13ª fase da
operação.
Os procuradores dizem que Costa ajustou com o cônsul honorário da
Grécia no Brasil, Konstantinos Kotronakis, um esquema de facilitação de
contratação de navios gregos por meio do fornecimento de informações
privilegiadas e o pagamento de propinas.
A outra é a Operação Abate, que mira um grupo criminoso que era
apadrinhado por Cândido Vaccarezza, cuja influência era utilizada para a
obtenção de contratos da Petrobras com empresa estrangeira. Nesta
relação criminosa, recursos foram direcionados para pagamentos indevidos
a executivos da estatal e agentes públicos e políticos, além do próprio
ex-parlamentar, segundo a PF.
Essa investigação trata do fornecimento de asfalto para a Petrobras
pela empresa norte-americana Sargeant Marine, que também teve início a
partir do relato Costa. Foram colhidas provas adicionais a partir de
buscas e apreensões da 1ª e da 16ª fases da operação Lava Jato, além de
resultados de quebra de sigilo bancário, fiscal e telemático e de
pedidos de cooperação internacional.
As provas apontam que Cândido Vaccarezza utilizou a influência
decorrente do cargo em favor da contratação da Sargeant Marine pela
Petrobras e que isso culminou na celebração dos contratos, entre 2010 e
2013, no valor de aproximadamente US$ 180 milhões, segundo os
procuradores.
As duas etapas investigam os crimes de corrupção, desvio de verbas
públicas e lavagens de ativos identificados em contratação de grandes
empresas com a Petrobras.
A prisão temporária tem prazo de cinco dias e pode ser prorrogada pelo
mesmo período ou convertida para preventiva, que é quando não há prazo
para deixar a carceragem.
Os presos serão levados para a sede da PF, em Curitiba.
Por Adriana Justi, Fernando Castro e Camila Bonfim, G1 PR e da TV Globo, em Brasília
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