Ex-líder do governo Lula e Dilma e ex-deputado federal Cândido Vaccarezza foi preso nesta sexta-feira (18).
O juiz federal Sérgio Moro – responsável pelos processos da Operação
Lava Jato na primeira instância – mandou bloquear o montante de até R$ 6
milhões das contas de investigados da 44ª fase, entre eles, o ex-líder
do governo Lula e Dilma e ex-deputado federal Cândido Vaccarezza, que
deixou o Partido dos Trabalhadores (PT).
Cândido Vaccarezza foi preso na 44ª fase da Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira (18), juntamente com a 43ª etapa. Ele é suspeito de receber US$ 438 mil em propina
por contrato na Petrobras até 2011. Investigadores da PF dizem que o
ex-deputado favoreceu a contratação da empresa norte-americana Sargeant
Marine, que forneceu asfalto para a estatal entre 2010 e 2013.
A defesa de Vaccarezza afirma que ele não intermediou negociação entre
empresas e a Petrobras e que a prisão foi decretada com base em delações
contraditórias. Veja a íntegra da nota mais abaixo.
"Considerando os fatos narrados, resolvo decretar o bloqueio das contas
dos investigados até o montante de seis milhões de reais,
correspondente aproximadamente ao montante total pago pela Sargeant
Marine a título de comissão", determinou Sérgio Moro no despacho em que
permitiu as prisões.
Os bloqueios serão efetuados pelo Banco Central do Brasil (Bacen). Até a
última atualização desta reportagem, os comprovantes não tinham sido
anexados no processo eletrônico da Justiça Federal do Paraná.
Três pessoas foram presas nesta sexta,
todas temporariamente, com o prazo de cinco dias, podendo ser
prorrogado por mais cinco dias ou, então, transformada em prisão
preventiva, que é por tempo indeterminado.
Foram presos:
- Cândido Vaccarezza (44ª fase) - ex-deputado federal
- Henry Hoyer de Carvalho (43ª fase) - operador financeiro
- Márcio Albuquerque Aché Cordeiro (44ª fase) - ex-gerente da Petrobras
Outros alvos de mandado de prisão:
- Dalmo Monteiro Silva (43ª fase) - ex-gerente da Petrobras - está no exterior
- Luiz Eduardo Loureiro Andrade (44ª fase) - executivo da Sargeant Marine - está no exterior
A Polícia Federal (PF) pediu ainda a prisão de outro ex-gerente da
Petrobras, Carlos Roberto Martins Barbosa (44ª fase), mas ele está
hospitalizado, e o mandado não será cumprido.
Os presos serão levados para a carceragem da PF, em Curitiba.
Perfil de Vaccarezza
Cândido Elpídio de Souza Vaccarezza, 61 anos, foi duas vezes deputado
estadual em São Paulo e outras duas deputado federal. Nos quatro
mandatos era filiado ao PT. Em Brasília, foi líder do governo dos
ex-presidente Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff. Ganhou fama de
articulador hábil e ecumênico, com trânsito nas bancadas de partidos que
tradicionalmente fazem oposição ao PT.
Vaccarezza ganhou espaço nas articulações do PT em Brasília a partir do
vácuo provocado derrocada do ex-ministro José Dirceu, com o escândalo
do mensalão, em 2005.
Apesar da carreira política construída em São Paulo, Vaccarezza nasceu
na Bahia, onde iniciou a militância política no movimento estudantil.
Participou da União Nacional dos Estudantes (UNE) e concluiu o curso de
medicina na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atuou nos primórdios
do PT em seu estado e migrou para São Paulo, na década de 1980, para
fazer a residência médica. A partir dos anos 2000, conquistou seus
mandatos eletivos.
Ex-secretário da Cultura Esportes e Lazer da cidade de Mauá (SP),
chegou à Assembleia Legislativa como suplente. Em 2001, assumiu cadeira
na Casa em razão de parlamentares petistas que ocuparam secretarias na
gestão de Marta Suplicy na prefeitura de São Paulo. Em 2002, Vaccarezza
ganhou a vaga de titular nas urnas. Em 2006 e 2010, elegeu-se deputado
federal. Tentou um terceiro mandato em 2014, mas não conseguiu a nova
reeleição.
O fracasso nas urnas acelerou o distanciamento de Vaccarezza do PT e
ampliou as críticas dirigidas pelo político ao governo de Dilma
Rousseff. Ele deixou o partido em 2016, após 35 anos de militância. Na
oportunidade, anunciou apoio ao candidato do PRB à prefeitura de São
Paulo, Celso Russomanno.
Disposto a reconquistar o mandato, Vaccarezza filiou-se ao PTdoB e
assumiu o diretório estadual da legenda, que recentemente mudou de nome
para Avante.
Outras suspeitas contra Vaccarezza
7 de março de 2015
- STF divulga lista e autoriza investigação contra 47 deputados mencionados em delações premiadas na Operação Lava Jato. O nome de Cândido Vaccarezza aparece pela primeira vez como suspeito por desvio de recursos da Petrobras.
17 de junho de 2015
- Vaccarezza foi à Polícia Federal depor sobre acusações de que teria recebido propina quando atuava na Petrobras. Na ocasião, o petista afirmou que as acusações contra ele eram inconsistentes.
3 de setembro de 2015
- Polícia Federal conclui investigações contra Vaccarezza e afirma que haviam indícios de que Alberto Youssef, ex-doleiro do PP, pagou propina ao ex-deputado petista durante campanha eleitoral de 2010.
12 de janeiro de 2016
- Em sua delação premiada, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró relata que foi indicado à diretoria financeira da BR Distribuidora por gratidão do PT com ele, após reunião com Vaccarezza e outros políticos.
15 de março de 2016
- TRE-SP rejeita contas da campanha eleitoral de 2014 de Cândido Vaccarezza. Segundo o tribunal, o petista deixou de informar despesas realizadas que foram encontradas pela Justiça Eleitoral.
15 de junho de 2016
- Delator da Lava Jato, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou aos investigadores que Vaccarezza recebeu R$ 500 mil de propina desviada da Petrobras.
12 de abril de 2017
- Relator da Lava Jato no STF, o ministro Edson Facchin pede abertura de inquérito contra Cândido Vaccarezza e mais 38 deputados. A suspeita é de que o ex-deputado do PT tenha pedido propina à Odebrecht em troca da aprovação de um investimento pela Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. DO G1-PR
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