sexta-feira, 18 de agosto de 2017

“Primeiro a Sentença, depois o Veredicto”...



Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

No clássico livro “Alice no País das Maravilhas” (este lugar seria o Bruzundanga?), tem uma famosa Rainha Vermelha que tem uma máxima adequada à realidade de regramento excessivo, jagunçagem, rigor ou perdão seletivo da injustiça tupiniquim. A déspota louca tomava decisões gritando o slogan: “Primeiro a Sentença, depois o Veredicto”. Qualquer semelhança com o que acontece no maravilhoso mundo do “Judasciário” seria mera coincidência? Responda quem puder...

A boa constatação é que nem tudo está perdido. Ontem tivemos mais uma batalha judicial que deve servir de exemplo para impedir a pizza que vem sendo preparada para a Lava Jato. O supremo magistrado Gilmar Mendes mandou soltar o empresário dos transportes Jacob Barata Filho e Lélis Teixeira - ex-presidente da Fetranspor (o sindicato-empresa que gerencia as empresas de ônibus no Estado do Rio). Imediatamente, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal no RJ, expediu um novo mandato de prisão para a dupla que foi alvo da Operação Ponto Final.
A decisão libertária de Gilmar Mendes foi questionada publicamente por um motivo: em 2013, o ministro e sua esposa Guiomar foram padrinhos de um casamento cheio de ostentação, de Francisco Feitosa Filho (cujo pai é um famoso ex-deputado cearense) e Beatriz Barata – filha do Jacob Barata (conhecido como “Rei dos Ônibus). Na verdade, o noivo era sobrinho da esposa de Gilmar. Mais linda que a festança no Copacabana Palace foi a desculpa dada agora por Gilmar para criticar o Ministério Público que alegou a suspeição dele para julgar o pedido de habeas corpus em favor do Pai da Dona Baratinha: “O casamento não durou nem seis meses”...
Pelas regras de suspeição, um juiz não pode atuar em processo por motivo de foro íntimo. Amizade ou inimizade em relação a uma das partes envolvidas no processo valem para o magistrado se julgar suspeito. Gilmar não quis fazer isto, para variar. O caso Barata só azedou ainda mais a tensa relação entre Gilmar Mendes e o Ministério Público Federal – alvo constante de ataques públicos do supremo ministro. Na Operação Ponto Final, Gilmar nem quis ouvir a manifestação da Procuradoria Geral da República: mandou soltar... Agora, a ira dele recairá sobre o “colega” Bretas, que mandou prender novamente...
A guerra entre Gilmar e o MPF vai render... Um dos membros da Força Tarefa da Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima, usou as redes sociais para tornar clara uma perigosa conspiração em andamento:
Gilmar Mendes quer acabar com o poder investigatório do Ministério Público. Sem esse poder, a Operação Lava Jato não teria chegado onde chegou. Qual o real objetivo de Gilmar Mendes?O Ministro quer rever também poder de investigação do MP”.
O Procurador Carlos Lima acrescentou: “Responsável pela mudança de placar no entendimento sobre o momento do início de cumprimento da pena de prisão, o ministro Gilmar Mendes pode, ainda, provocar a rediscussão, pela Corte, dos limites de poder de investigação do Ministério Público Federal. Mendes tem alegado que há mais de mil Procedimentos Investigatórios Criminais (PICs) abertos pela Procuradoria-Geral da República de forma autônoma e vê no expediente um caso de abuso de autoridade por parte do MPF. Este é mais um caso em que, para que a discussão seja aberta pelo Supremo Tribunal Federal, alguém tem de levar o assunto ao plenário"
No dia 19 de junho, também no Facebook, Carlos Fernando dos Santos Lima já tinha escrito: "Gilmar Mendes ameaça todo combate à corrupção de retrocesso. Quer impedir o Ministério Público de investigar. Quer impedir a execução da pena após a decisão de 2º grau. Precisamos resistir e fazer valer as leis e a Constituição, e não a vontade de déspotas pouco esclarecidos".
Resumindo: A vaidosa Rainha Vermelha da ficção vai acabar morrendo de inveja do que acontece no reino desencantado de Bruzundanga.
Punir o juiz é fácil...

Punido por combater à corrução, o juiz em Santa Catarina, Fernando Cordiolli, é o convidado de domingo do Desembargador Laércio Laurelli no programa Direito e Justiça em Foco.
Fila de Cobrança
Caravana de campanha

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