Houve um tempo em que ser convocado a depor em Comissão Parlamentar de
Inquérito era o máximo do constrangimento. Políticos com poder de
articulação faziam de tudo para não ser chamados a sentar na cadeira dos
depoentes; equivalia a um banco dos réus. Esse tempo, passado, foi
substituído pelo exercício corporativo do salve-se quem puder mediante a
prática de todos por um. Dois, três e quantos mais houver a serem
incluídos na lista da salvação. Se dependesse dos trabalhos das comissões parlamentares de inquérito da
Petrobrás e daquela instada para apurar as relações do bicheiro Carlos
Cachoeira com agente públicos e privados, o ex-governador Sérgio Cabral e
o ex-deputado Eduardo Cunha não estariam hoje sentados nas respetivas
celas de presídio em Bangu 8 (RJ) e Pinhais (PR). Cabral continuaria até hoje a brilhar em seu céu de diamantes; Cunha
provavelmente teria conseguido se reeleger presidente da Câmara. A
construtora Delta, de Fernando Cavendish seguiria atuando no mercado,
ex-diretores da Petrobras estariam talvez reincorporados à empresa, o
governador Marconi Perillo (GO) livre da denúncia por corrupção
apresentada no fim de março pelo Ministério Público e Cachoeira
desconectado da tornozeleira que o monitora em prisão domiciliar. As comissões de inquérito trataram dos temas e dos personagens depois
submetidos aos escrutínios do MP e da Polícia Federal. Pelas CPIs
passaram incólumes. Por um crivo mais rigoroso, caíram na rede. De onde
se evidencia a inutilidade das comissões congressuais por obra e graça
do compadrio malsão.
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