Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Além de ferrar definitivamente com
Luiz Inácio Lula da Silva, a quase certa delação premiada de Antônio Palocci
Filho tende a ser danosa para alguns setores que ainda não experimentaram os
rigores da Lava Jato. O ex-ministro da Fazenda e bem-remunerado consultor
empresarial pode revelar segredos sobre como funcionava e quem operava a lavagem
de dinheiro com doleiros em grandes bancos daqui e de fora. Palocci também pode
explicar como os grandes fundos imobiliários também serviram de esquentação da
grana desviada nos negócios das empreiteiras com “estatais” – que pagavam altas
propinas a políticos.
Nenhuma novidade que Palocci possa
colocar na roda do inferno o sistema financeiro tupiniquim. Ninguém desvia
bilhões de dólares da economia nacional e das empresas estatais, levando a
grana roubada embaixo do braço, na cueca ou em malas. Doleiros só agem se
passarem pelos bancos daqui e lá de fora. É isso que a Lava Jato ainda precisa
apurar e revelar detalhadamente: como acontece, de verdade, o esquema que lava
e esquenta dinheiro? Quem são os personagens que fazem a “viagem” de verdinhas
que vão e voltam “repatriados legalmente” ou através de simulacros de
“Investimentos Diretos Estrangeiros”.
Outro ponto que merece uma apuração
com lupa é como e de onde surgiu tanto dinheiro para irrigar Fundos de
Investimentos Imobiliários. É fácil suspeitar que muito recurso ilícito foi
usado para bancar obras. Nas grandes cidades, vários terrenos são incorporados
da noite para o dia, prédios comerciais e residenciais (principalmente de alto
padrão) são erguidos rapidamente, sem que haja demanda efetiva. A oferta de
imóveis aumenta sem explicação lógica.
O fato grave é que os bancos –
principalmente a Caixa - financiam esta farra que alimenta uma vergonhosa
especulação imobiliária, nos últimos dez anos. O preço do metro quadrado atinge
valores irreais. Temos uma bolha imobiliária? Em teoria sim, mas na prática,
não. Muita grana roubada lá fora retornará, em breve, para ser esquentada, na
aquisição, a qualquer preço, de preferência bem alto, dos imóveis construídos
em excesso. Quem se ferra é o brasileiro honesto que não consegue recursos,
facilmente, para adquirir a casa própria.
São tantas frentes ainda a serem
investigadas que seria necessário criar dezenas de “forças tarefas” do
Ministério Público Federal, junto com Receita Federal, Polícia Federal, COAF e
outros aparelhos de repressão policial-fiscal. Seria fundamental uma outra
varredura, com ultra-lupa, dos acordos fechados via Lei de Repatriação. Sabe-se
que muitos parentes de políticos conseguiram, pela via judicial, permissão para
aderir ao sistema. A grana deles, provavelmente não-declarada por ser fruto de
corrupção, retornou esquentadinha para “investimentos” em Bruzundanga.
O mais irônico é que o dinheiro
roubado em reais foi levado para fora, virando dólar, euro ou franco suíço. A
bandidagem ainda lucrou com a variação cambial. Por isso tem canalha torcendo
para que o irreal Real sofra sucessivas desvalorizações. Quanto pior, melhor
para eles, na hora em que começar, de verdade, o programa de privatizações,
concessões, parcerias-público-privadas e outros excelentes negócios que o
governo Michel Temer promoverá, a preço de banana.
Os grandes ladrões estão com a vida
ganha para várias gerações futuras, enquanto a maioria do povo brasileiro
sobrevive, como pode, à maior recessão da História. Eis o esquema do crime
perfeito e compensador na Pátria da Corrupção Institucionalizada e Sistêmica. O
único azar da bandidagem é que a maioria da população está de saco totalmente
cheio, e pode reagir, violentamente, contra os lixos da politicagem e seus
malditos herdeiros.
Lava Voto?
Tudo como dantes
A polêmica Lei de Abuso de
Autoridade, do jeito que está sendo aprovada, cria mais um aparato legal inútil
– sem novidades em relação à legislação em vigor.
A legislação montada por Renan
Calheiros e relatada por Roberto Requião foi amenizada por proposta de Antonio Anastásia.
Magistrados e o promotores judiciais
respiram aliviados...
Armação legislativa
Outra jogada para a galera foi o
começo do fim do absurdo foro privilegiado, através da aceleração na Proposta
de Emenda à Constituição (PEC 10/2013) – que nem estava na pauta do Senado.
Em breve, os políticos com mandato e
as autoridades que cometeram crimes comuns serão julgados a partir da primeira
instância de seus estados.
A politicalha descobriu que é melhor
assim, do que ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior
Tribunal de Justiça, já que será mais lento ainda o trâmite, graças aos quase
infindáveis recursos, até o famoso “trânsito em julgado”.
Resultado previsível de tal manobra:
muitos condenados nas lavas jatos da vida poderão disputar a próxima eleição
sem ser perturbado pela Lei da Ficha Limpa...
Passa tudo
A base aliada a Michel Temer aprovou
a parte principal da Reforma Trabalhista.
O mesmo deve acontecer com a Reforma
da Previdência.
Depois, o prêmio virá em cargos ou na
hora dos grandes negócios que o governo viabilizará.
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