Lula já disse que se considera “a alma viva mais honesta do planeta”.
Mas sua honestidade está pendente de verificação nas cinco ações penais
em que ele figura, por enquanto, como réu. A ação penal é o templo do
contraditório. Nela, o acusado tem a oportunidade de exercer o
sacrossanto direito de defesa. Os advogados de Lula acorretaram-se a
duas linhas de ação. Numa, apresentam o seu cliente como vítima de
perseguição política. Noutra, dedicam-se a atacar Sergio Moro.
Até
aqui, essa tática dos advogados não livrou Lula de nenhuma das
suspeições que pesam sobre seus ombros. Ao contrário, a estratégia passa
a impressão de que Lula tornou-se um réu indefeso. Qualquer que seja a
acusação, a defesa é o lero-lero da perseguição política. A essa altura,
os perseguidores de Lula já compõem um exército: os agentes da Polícia
Federal que o investigaram, os procuradores que o denunciaram, os juízes
que aceitaram as denúncias, os tribunais que rejeitaram a maioria dos
seus recursos… O mundo parece conspirar contra Lula.
Nesta
sexta-feira, horas depois de ter amargado mais duas derrotas na guerra
judicial que trava contra Sergio Moro —uma no STJ, outra no TRF da 4ª
Região— a defesa de Lula voltou a se indispor com o juiz da Lava Jato.
Os advogados arrolaram como testemunha de defesa Henrique Meirelles, que
presidiu o Banco Central sob Lula. Ao perceber que os advogados
levantavam a bola para Meirelles elogiar o governo Lula, Sergio Moro
avisou que o processo sobre o tríplex do Guarujá não é local mais
adequado para fazer propaganda política. A defesa de Lula acusou Moro de
desrespeito. Lula talvez não tenha notado, mas sua defesa já ofende a
inteligência da plateia. Se há um complô contra Lula, seus advogados
lideram a conspiração.DO J.DEDOUZA
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