sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

O início da confissão dos Odebrecht anuncia o fim do Amigo Lula

Além de Marcelo, o herdeiro que sabe muito, logo estará em cena Emílio Odebrecht, o patriarca que tudo sabe
Por Augusto Nunes

Lula: juiz dos juízes
Dura é a vida de petista no Brasil da Lava Jato. No começo desta semana, por exemplo, a seita dos devotos de Lula fez o possível para animar-se com o desempenho do chefão no Datafolha. A pesquisa informa que, se a eleição de 2018 fosse realizada agora, o único líder popular do mundo que só se apresenta para plateias amestradas venceria no primeiro turno candidatos que, como ele, acabarão impugnados pela Odebrecht.
Se o índice obtido pelo ex-presidente não é lá essas coisas, a taxa de rejeição está perto de 50%. Metade do eleitorado quer ver pelas costas o antigo campeão de popularidade.
O que restou do PT também fez o possível para entusiasmar-se com a chegada da Lava Jato a figurões do PMDB instalados na cúpula do governo Michel Temer, como se ninguém soubesse que a ladroagem do Petrolão resultou da parceria entre o partido do governo e a sigla que não consegue respirar longe do poder.

O restante da semana reafirmou que, no Brasil enfim inconformado com a canalhice hegemônica, alegria de adorador de gatuno agora dura pouco. Nesta quinta-feira, a ofensiva contra os corruptos foi retomada pelas primeiras revelações de Marcelo Odebrecht e pelo detalhamento de bandalheiras envolvendo o patrimônio imobiliário do ex-presidente.
Como insiste em jurar que não lhe pertencem propriedades que ganhou de empreiteiros amigos, o dono do triplex no Guarujá e do sítio em Atibaia só não recebeu de Guilherme Boulos uma carteirinha de sócio do clube dos sem-teto por ter registrado em cartório a posse do apartamento onde mora em São Bernardo.
Alcançada no fígado pelo primeiro golpe da Odebrecht, a defesa de Lula avisou que não comentaria “especulação de delação” e enfiou o rabo entre as pernas.

O que a tropa de bacharéis sem álibi chama de “especulação” reduziu sensivelmente a distância que separa seu cliente da cadeia. Na segunda-feira e na terça, já nos depoimentos inaugurais, Marcelo Odebrecht confirmou que fez pagamentos ao ex-presidente, alguns deles em espécie.
Os maços de cédulas foram providenciados pelo Setor de Operações Estruturadas, codinome do departamento de propinas da maior empreiteira do país. O Ministério Público e a Polícia Federal já podem provar que é Lula o “Amigo”, codinome que identifica nas planilhas o beneficiário de 23 milhões de reais.
Desse total, 8 milhões de reais foram pagos em 2012, “sob solicitação e coordenação de [Antonio] Palocci”, informa o relatório de indiciamento do ex-ministro dos governos Lula e Dilma, hoje dando expediente na carceragem da Polícia Federal em Curitiba.

Só na terça-feira, a abertura da caixa-preta controlada por Marcelo Odebrecht, acompanhada por dois advogados e quatro procuradores federais, consumiram 10 horas de revelações. Não é pouca coisa, e no entanto é um quase nada diante do que está por chegar.
Além de Marcelo, o herdeiro que sabe muito, logo estará em cena o patriarca que tudo sabe. O codinome do mais poderoso lobista a serviço do departamento de bandidagens da empreiteira foi sugerido pela fraterna ligação que unia o ex-presidente a Emilio Odebrecht, que cuidava pessoalmente da estratégica parceria com o Amigo.
O começo da confissão de Marcelo acabou com a amizade. O depoimento de Emílio vai acabar com Lula.
16 dez 2016 DO R.DEMOCRATICA

"Lula quer inverter os papéis"



A Associação Nacional dos Procuradores da República divulgou uma nota de desagravo ao procurador Deltan Dallagnol.

O texto é assinado por José Robalinho Cavalcanti e O Antagonista faz questão de publicá-lo na íntegra:
"A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) vem a público desagravar o procurador da República Deltan Martinazzo Dallagnol. Coordenador da Força-tarefa Lava Jato, ele é alvo de uma ação judicial, proposta pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual se pede indenização por danos morais no valor de R$ 1 milhão em função de entrevista coletiva concedida em 14 de setembro.
Numa estratégia que busca, nitidamente, inverter os papéis, pessoa acusada por crimes objetiva penalizar agentes do Estado, em caráter pessoal, pelo normal e autêntico exercício de sua missão constitucional. Ao alegar de forma tardia um suposto e absolutamente inexistente abuso de autoridade, pretende-se punir o trabalho de um membro do Ministério Público Federal que cumpriu regularmente o dever e o direito de informar a população sobre os atos relativos à operação.
O direito de petição é livre e as estratégias de defesa estão abertas a qualquer um, mas a mesma Justiça que presentemente julga o ex-presidente Lula - inclusive pelos fatos noticiados na referida entrevista - saberá com certeza reconhecer e rechaçar o que consiste em mal disfarçada intenção de inibir e retaliar a ação de membros do Ministério Público. Trata-se de iniciativa de mesmo gênero das propostas em trâmite no Congresso Nacional que pretendem criminalizar atos que constituem exercício legítimo da atividade do Ministério Público e de juízes como se fossem supostos abusos. A ação visa também amordaçar o Ministério Público e outros agentes do estado que legitimamente explicaram sua atuação à opinião pública, prestando esclarecimentos sobre fatos que não estão cobertos por sigilo.
Assim como já o fez nos demais momentos das investigações, ao conceder a entrevista, Deltan Dallagnol, acompanhado de todos os demais membros da Força-tarefa, prestou esclarecimentos cabíveis e necessários à sociedade. A estratégia de processar Deltan isoladamente, e não a União ou os membros da Força Tarefa, denota claro propósito intimidatório. Se o real propósito fosse a indenização por supostos prejuízos à imagem, o caminho natural seria acionar o Estado, diante das facilidades jurídicas desse tipo de ação quando comparada à ação contra o servidor público.
Vale salientar, novamente, que os responsáveis pela Lava Jato têm sido exemplo sólido no cumprimento da lei de forma imparcial e técnica. A atuação da Força-tarefa fundamenta-se em provas robustas reunidas ao longo de mais de dois anos de investigações que se tornaram referência no Brasil e no mundo no que concerne o combate efetivo à corrupção, premiada nacional e internacionalmente.
O Ministério Público é um só, e o ataque pessoal a um de seus membros apenas acentua esta unidade. O procurador da República Deltan Dallagnol tem o respeito e o apoio de seus colegas de Ministério Público Federal ao conduzir-se de forma profissional e competente, nas investigações da Lava Jato. Nada nem ninguém afastará os membros do MPF do cumprimento equilibrado, impessoal e destemido de seus deveres." 16.12.16 - DO R.DEMOCRATICA

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