A promessa do presidente Michel Temer de vetar qualquer
tentativa de anistia ao caixa 2 enviada pela Câmara mudou o foco da
manifestação marcada para domingo pelos grupos que lideraram nas ruas o
movimento pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.
As três maiores organizações, Vem Pra Rua, MBL e Nas
Ruas convergem em dois pontos nas demandas que serão levadas à Avenida
Paulista no domingo: defesa “intransigente” da força tarefa da Lava Jato
e crítica ao Legislativo, que estaria desfigurando as 10 medidas contra
a corrupção enviadas ao Congresso Nacional pelo Ministério Público.
Nesta
quarta-feira, 30, a Força Tarefa da Lava Jato convocou entrevista
coletiva para criticar de forma contundente o texto final do pacote de
medidas anticorrupção aprovado pela Câmara. Os procuradores ameaçaram
renunciar caso o projeto seja sancionado pelo presidente Michel Temer.
“Estão fazendo aqui o mesmo que fizeram com a Mãos
Limpas na Itália. O que os procuradores fizeram ontem foi um pedido de
socorro às ruas”, afirma Carla Zambelli, líder do grupo Nas Ruas.
A ativista afirma que os presidentes da Câmara, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), serão o alvo
principal do protesto de domingo.
“Faremos campanha contra a recondução de Rodrigo Maia à presidência da Câmara”, disse a líder do Nas Ruas.
O Vem Pra Rua e o MBL, que durante o processo de
impeachment de Dilma Rousseff foram aliados de parlamentares da antiga
oposição, em especial de deputados e senadores do PSDB e DEM, agora
estão afastados dos legisladores e alinhados com as bandeiras do
judiciário.
O VPR, que promete reunir manifestantes em 100 cidades
de todo o país, adotou como palavra de ordem o apoio “total e
irrestrito” à Operação Lava Jato. A lista de demandas também é composta
pela aprovação das 10 Medidas contra a Corrupção (PL4850) conforme
relatório aprovado na Comissão que discutiu o tema por quatro meses, o
fim do foro privilegiado e a rejeição ao PL 280, sobre abuso de
autoridade.
O MBL, que ainda não definiu sua participação na
manifestação de domingo, usou ontem as redes sociais para criticar os
senadores.
O senador Renan Calheiros foi chamado de “capitão do
golpe” e Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, foi acusado de ter feito
“parte do acordo” para modificar as 10 medidas.
Os grupos se reunirão hoje com a Polícia Militar para definir a organização do ato.- DO ESTADÃO
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