Em meio a protestos contra a reforma do ensino médio, o Ministério da
Educação levará ao ar, a partir desta sexta-feira, dois comerciais de
um minuto cada. O blog obteve cópias das peças (veja
acima e no rodapé). Exibem cenas que se passam no interior de uma sala
de aula, ambiente que, em várias localidades, se encontra sob ocupação
de alunos contrários à reforma. Quem assiste aos vídeos fica com a
sensação de que os estudantes protestam contra contra si mesmos.
A
lógica da reforma é resumida num bordão repetido ao final dos dois
comerciais: “Agora é você quem decide o seu futuro.” Num dos vídeos, uma
atriz no papel de professora ensina aos seus alunos: “O novo ensino
médio vai dar mais liberdade pra você escolher as áreas de conhecimento
de acordo com a sua vocação ou projeto de vida. Ou ainda optar pela
formação técnica, caso queira concluir o ensino e já começar a
trabalhar.”
Noutro vídeo, um estudante explica aos colegas: “Pois
é, agora, além de aprender o conteúdo obrigatório, essencial para a
formação de todos, […] eu vou ter liberdade de escolher entre quatro
áreas do conhecimento pra me aprofundar. Tudo de acordo com a minha
vocação e com o que eu quero pra minha vida. E pra quem prefere terminar
o ensino já preparado pra começar a trabalhar poderá optar por uma
formação técnica profissional, com aulas teóricas e práticas.”
A
“professora” pinta o cenário de terra arrasada que levou à reforma:
“Vocês sabiam que a última avaliação da educação mostrou que o Brasil
precisa melhorar muito o ensino médio? O desempenho dos jovens em
matemática e português está menor do que há 20 anos. Duas décadas,
gente! E hoje já são quase 2 milhões de jovens que nem estudam e nem
trabalham.” A personagem como que justifica o uso da medida provisória:
“A gente precisa virar essa página. Melhorar a educação dos jovens é uma
das tarefas mais importantes e urgentes no Brasil. É pra ontem!”
No
vídeo estrelado pelo “estudante”, ele esclarece que a reforma, esboçada
pelo menos desde o governo FHC e defendida até por Dilma Rousseff na
última campanha presidencial, não saiu do bolso de nenhum colete.
Referindo-se à proposta de mudança no ensino médio submetida ao
Congresso, declara: “…ela foi baseada nas experiências de vários países.
Países que tratam a educação como prioridade.”
É contra a
perspectiva de assumir o controle sobre sua própria formação,
selecionando com autonomia as matérias que irá cursar na fase final do
ensino médio, que protestam os alunos que pegam em lanças contra a
reforma. Ou por outra, esses estudantes ocupam as salas de aula em favor
da manutenção do velho modelo, uma jabuticaba brasileira que, segundo
todos os indicadores disponíveis, conduz ao desastre. Talvez devessem
mudar o foco dos protestos, exigindo do governo mais clareza sobre a
forma e os meios que serão utilizados para converter a reforma de
comerciais de tevê em realidade. - DO JOSIASDESOUZA
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