Suspeita é de que pessoas ligadas a Lula agiram para dificultar operação.
Inquérito foi aberto ainda dois dias antes da deflagração da nova fase.
Inquérito foi aberto ainda dois dias antes da deflagração da nova fase.
Fernando Castro
Do G1 PR
A Polícia Federal (PF) investiga o vazamento de informações sobre a deflagração da 24ª fase da Lava Jato.
A suspeita é de que pessoas ligadas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e seus familiares tenham agido para dificultar o cumprimento
dos mandados da operação.Do G1 PR
De acordo com o delegado Igor Romário de Paula, um inquérito foi aberto ainda na quarta-feira (2), dois dias antes da 24ª fase ser deflagrada, para investigar as suspeitas de vazamentos. “Infelizmente, a gente tem indícios de um vazamento concreto de informações relacionadas à quebras de sigilo bancário e fiscal do ex-presidente”, disse o delegado.
A PF informou ainda que já foi apurado que pessoas ligadas a Lula e familiares agiram para mobilizar pessoas que pudessem tentar prejudicar o cumprimento de mandados. Este foi um dos motivos, conforme a polícia, para que Lula fosse ouvido no aeroporto de Congonhas, e não na Superintendência da PF em São Paulo.
O procurador da República Carlos Fernando de Lima também comentou os vazamentos, e disse que foi detectado que muitos dos fatos sob apuração das autoridades já eram de conhecimento das pessoas alvos das investigações.
“Esses vazamentos prejudicam, provas são destruídas e todos aqueles que tiverem atividade de obstrução à Justiça serão presos e processados”, disse o procurador. “Eles [os vazamentos] facilitam a destruição de provas, e o objetivo de toda investigação é conseguir provas”, afirmou Carlos Fernando.
De acordo com os investigadores, há indícios de que tenha havido uma “limpa de documentos” antes do cumprimento dos mandados de busca e apreensão, especialmente na sede do Instituto Lula, com computadores e materiais tenham sido retirados antes da operação ser realizada.
Outro lado
O Instituto Lula afirmou que a investigação “cometeu uma arbitrariedade” com a condução coercitiva do ex-presidente Lula, e que agora buscam justificativas para essa medida. Ressaltou ainda que os próprios investigadores e o juiz Sérgio Moro reconhecem que não existe antecipação de culpa e comprovação de nenhum crime, de forma que não faz sentido discutir destruição de provas de supostos crimes que não foram comprovados.
A entidade informou ainda que, assim a empresa de palestras de Lula, forneceu às investigações todos os dados que foram requeridos, e que há quebras de sigilo do ex-presidente desde agosto de 2015. Os dados demonstram, segundo o Instituto Lula, que nem o ex-presidente, tampouco familiares cometeram quaisquer crimes.
Lula recebeu visita da presidente Dilma Rousseff neste sábado, em São Bernardo (Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)
24ª faseO objetivo desta etapa da Lava Jato é apurar se o ex-presidente foi beneficiado diretamente com os esquemas de desvios de recursos da Petrobras. Segundo o Ministério Público Federal, há ainda indícios de que Lula tenha recebido um apartamento no Guarujá e um sítio, como forma de pagamento pelas vantagens dadas a construtoras envolvidas nos casos de corrupção.
Ambos os imóveis não pertencem a Lula ou familiares nas escrituras. No entanto, o MPF acredita que isso se trata de ocultação de patrimônio. No caso do sítio, o imóvel é de propriedade de dois sócios de Fábio Luis da Silva, filho de Lula. Já o apartamento, um tríplex no edifício Solaris, no Guarujá, pertence a construtora OAS.
O sítio, segundo as investigações, recebeu uma ampla reforma paga pela construtora Odebrecht. O local é usado pela família do ex-presidente com certa frequência e chegou a receber festas organizadas por Lula quando ele ainda estava na presidência, com a presença de políticos de várias esferas.
Um desses imóveis era o Condomínio Solaris, cujas obras foram assumidas pela construtora OAS, após a falência do banco. Alguns proprietários das cotas resolveram aceitar os imóveis, outros, no entanto, disseram que preferiam receber o dinheiro investido de volta. Lula diz que está na segunda leva de investidores e que não é dono do imóvel.
No entanto, depoimentos colhidos pelo MPF apontam indícios de que uma reforma no valor de R$ 800 mil, paga pela OAS, foi feita a pedido da família de Lula. A mulher dele, Marisa Letícia, teria inclusive vistoriado parte da reforma no local, conforme as investigações. 05/03/2016 - DO R.DEMOCRATICA
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