Há dois dias, o comentário de 1 minuto para o site de VEJA constatou que, por negar-se a enxergar as mudanças operadas pela Lava Jato na paisagem brasileira, a alma penada de Lula ainda não descobrira que, hoje, nenhum fora da lei está acima da lei. Descobriu nesta manhã, quando a mão do destino ─ disfarçado de Polícia Federal ─ bateu à porta do apartamento do ex-presidente em São Bernardo.
Até este histórico 4 de março, Lula acreditava que, se todos são iguais perante a lei, ele sempre seria mais igual que os outros. Esse status de condenado à perpétua impunidade lhe permitiria, por exemplo, rejeitar intimações judiciais, zombar de autoridades dispostas a fazer Justiça e debochar do Estado Democrático de Direito. Acordou para a vida real ao ser acordado pela 24ª fase da Lava Jato, batizada de Alethea.
Conduzidos coercitivamente ao local do depoimento, Lula e o filho Lulinha tiveram de abrir o bico ─ pela primeira vez ─ sobre as bandalheiras em que se meteram. A família que se julgava inimputável foi enquadrada por juízes, procuradores e policiais que não temem criminosos da classe executiva. Alethea, convém ressaltar, é uma palavra grega que significa “busca da verdade”. Nesta sexta-feira, a verdade venceu a mentira.
A busca da verdade não cessará tão cedo. Mas a Era da Canalhice está perto do fim, confirmaram a patética discurseira do chefão e a fracassada contra-ofensiva ensaiada pelos agonizantes. Um dia depois de divulgado o desastroso desempenho do PIB em 2015, Lula festejou a fundação do Brasil Maravilha que só existe na cabeça de embusteiros.
Ele também relançou a candidatura à Presidência que as revelações de Delcídio do Amaral haviam afundado de vez na véspera. A Alethea, por sinal, já dispunha de munição suficiente quando Delcídio começou a contar o que sabe ─ e o que sabe o ex-líder do governo no Senado vai adicionar toneladas de dinamite ao arsenal da Lava Jato. Como Lula tentará escapar das explosões iminentes?
A resposta é fácil: ele vai ampliar ainda mais o acervo de mentiras que engordou algumas arrobas com o falatório desta tarde. Os truques e vigarices do mágico de picadeiro já não iludem sequer marilenas chauís. Lula não tem como justificar o que embolsou exercendo o ofício de camelô de empreiteira. A Polícia Federal já tem provas de que o pai dos pobres fez da filharada um bando de comparsas milionários.
A “mobilização nacional da militância” prometida por cartolas do PT e pela pelegos que enriquecem com “movimentos sociais” só serviu para reafirmar que o partido que virou sinônimo de roubalheira tornou-se um ajuntamento de fanáticos sem cura. Manifestaram-se nesta sexta os devotos que restam. Os protestos da turma da estrela reuniram menos gente que procissão de vilarejo.
Muito maior e mais eficiente foi a mobilização da Polícia Federal decretada pela Alethea. Munidos de mandados de busca e apreensão, destacamentos de agentes vasculharam residências, escritórios e esconderijos de gente graúda engajada no projeto criminoso de poder. Marisa Letícia, três lulinhas, o Instituto Lula, Paulo Okamotto, a Odebrecht, a OAS, os sitiantes de araque Fernando Bittar e Jonas Suassuna, o engenheiro que trabalha de graça nas férias ─ a lista de 44 alvos enriqueceu o elenco recrutado pela operação que investiga o maior esquema corrupto desde o Dia da Criação.
Hoje se ouviu o choro das carpideiras transformadas em animadoras de velório. Em 13 de março, a colossal maioria de indignados exigirá nas ruas, além da punição dos poderosos patifes, o imediato encerramento do governo destroçado pela incompetência, pelo cinismo e pela corrupção. Oito dias depois dos uivos da subespécie em extinção, a nação ouvirá o rugido do país que presta. DO AUGUSTONUNES-VEJA
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