REYNALDO ROCHA
A leitura dos jornais e revistas deste domingo tem que ser acompanhado de um ansiolítico e um remédio para azia. Num dos grupos de que faço parte nas redes sociais, depois de ter postado uns dez tópicos sobre a tragédia mais que anunciada, recebi o seguinte post: “E aí, Reynaldo? Feliz?”
Não. Só estaria quem apostou no “quanto pior, melhor”, como fizeram os milicianos do PT, 24 horas por dia, enquanto estiveram na oposição. Além de não ter participado da montagem do desastre, tentei em vão desarmar a bomba que agora explode em nossos colos.
Sucessivas reportagens vêm mostrando que quem votou em Dilma hoje se sente enganado. Os casos exemplares são incontáveis. Na Bahia, o número de funcionários do Estaleiro Paraguaçu despencou de 7.000 para 576. Um empresário que acrescentou 100 apartamentos ao hotel de 30 quartos fechou o estabelecimento por falta de hóspedes. Outro que transformou a padaria em restaurante não chega a servir nem mesmo 10 refeições por dia. E tem a receber R$ 60.000,00 de empreiteiras que abandonaram a cidade.
Em dois meses, 36.000 trabalhadores da construção civil perderam o emprego. A indústria naval, festejada na campanha eleitoral de Dilma como “prova” da valorização da mão de obra nacional e do “Brasil que avança” demitiu 28.000 operários entre janeiro e fevereiro. A alta das contas de energia aumentou de 3% para 20% a imensidão de consumidores inadimplentes.
Se estou no mesmo barco, como poderia estar feliz? Cada dia traz uma nova agonia. E aumenta a sensação de que falhei. Melhor: falhamos. Desta vez, todos nos esforçamos. Mas não conseguimos demonstrar o que era óbvio.
O PT entendeu que ultrapassou a linha do ridículo e desistiu de culpar FHC. Mas continua procurando culpados para o desastre que provocou. Crise internacional? Qual? A que não para de elevar os níveis de emprego e renda dos Estados Unidos? A Irlanda, Portugal e até mesmo a Grécia deixaram a zona de risco. A China vai crescer de 7% a 8%. O Brasil caminha para uma recessão de 1%.
Profissionais liberais, servidores públicos, empresários, operários — todos estão inquietos com o impacto da crise. Só se sentem confortáveis os mais de 30.000 comissionados, sem concurso, pendurados no gigantesco cabide de empregos federais. Não podem reclamar de nada. Sabem que recebem muito mais do que merecem.
A conselho do fabricante, o poste falou. Nenhum pedido de desculpas. Nenhuma admissão de erro. Nenhuma justificativa para as promessas descumpridas. E nenhum projeto para o país.
Os dois milhões de brasileiros demoraram para chegar às ruas. Mas ainda é tempo. Não estou feliz, mas nunca perderei a esperança.
Neste domingo, li no Globo a seguinte notícia:
Vendedor de doces no calçadão de Belford Roxo, Alberto da Silva, de 61 anos, ajudou a eleger Dilma, mas diz que seria “estúpido” não reconhecer que os preços aumentaram e que a presidente “errou na parte administrativa” e ao falar, durante a campanha, que não ia ter inflação:
— O país se desenvolveu nos últimos anos, mas era melhor Dilma ter sido sincera. Ela não podia prometer o que não ia cumprir. Do jeito que está, dá desânimo, o povo fica angustiado e já é difícil ver tanta desonestidade, tanto roubo… Se eu a encontrasse, falaria para assumir os erros e consertar as coisas.
O vendedor de doces Alberto da Silva não é um coxinha.
A leitura dos jornais e revistas deste domingo tem que ser acompanhado de um ansiolítico e um remédio para azia. Num dos grupos de que faço parte nas redes sociais, depois de ter postado uns dez tópicos sobre a tragédia mais que anunciada, recebi o seguinte post: “E aí, Reynaldo? Feliz?”
Não. Só estaria quem apostou no “quanto pior, melhor”, como fizeram os milicianos do PT, 24 horas por dia, enquanto estiveram na oposição. Além de não ter participado da montagem do desastre, tentei em vão desarmar a bomba que agora explode em nossos colos.
Sucessivas reportagens vêm mostrando que quem votou em Dilma hoje se sente enganado. Os casos exemplares são incontáveis. Na Bahia, o número de funcionários do Estaleiro Paraguaçu despencou de 7.000 para 576. Um empresário que acrescentou 100 apartamentos ao hotel de 30 quartos fechou o estabelecimento por falta de hóspedes. Outro que transformou a padaria em restaurante não chega a servir nem mesmo 10 refeições por dia. E tem a receber R$ 60.000,00 de empreiteiras que abandonaram a cidade.
Em dois meses, 36.000 trabalhadores da construção civil perderam o emprego. A indústria naval, festejada na campanha eleitoral de Dilma como “prova” da valorização da mão de obra nacional e do “Brasil que avança” demitiu 28.000 operários entre janeiro e fevereiro. A alta das contas de energia aumentou de 3% para 20% a imensidão de consumidores inadimplentes.
Se estou no mesmo barco, como poderia estar feliz? Cada dia traz uma nova agonia. E aumenta a sensação de que falhei. Melhor: falhamos. Desta vez, todos nos esforçamos. Mas não conseguimos demonstrar o que era óbvio.
O PT entendeu que ultrapassou a linha do ridículo e desistiu de culpar FHC. Mas continua procurando culpados para o desastre que provocou. Crise internacional? Qual? A que não para de elevar os níveis de emprego e renda dos Estados Unidos? A Irlanda, Portugal e até mesmo a Grécia deixaram a zona de risco. A China vai crescer de 7% a 8%. O Brasil caminha para uma recessão de 1%.
Profissionais liberais, servidores públicos, empresários, operários — todos estão inquietos com o impacto da crise. Só se sentem confortáveis os mais de 30.000 comissionados, sem concurso, pendurados no gigantesco cabide de empregos federais. Não podem reclamar de nada. Sabem que recebem muito mais do que merecem.
A conselho do fabricante, o poste falou. Nenhum pedido de desculpas. Nenhuma admissão de erro. Nenhuma justificativa para as promessas descumpridas. E nenhum projeto para o país.
Os dois milhões de brasileiros demoraram para chegar às ruas. Mas ainda é tempo. Não estou feliz, mas nunca perderei a esperança.
Neste domingo, li no Globo a seguinte notícia:
Vendedor de doces no calçadão de Belford Roxo, Alberto da Silva, de 61 anos, ajudou a eleger Dilma, mas diz que seria “estúpido” não reconhecer que os preços aumentaram e que a presidente “errou na parte administrativa” e ao falar, durante a campanha, que não ia ter inflação:
— O país se desenvolveu nos últimos anos, mas era melhor Dilma ter sido sincera. Ela não podia prometer o que não ia cumprir. Do jeito que está, dá desânimo, o povo fica angustiado e já é difícil ver tanta desonestidade, tanto roubo… Se eu a encontrasse, falaria para assumir os erros e consertar as coisas.
O vendedor de doces Alberto da Silva não é um coxinha.
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