Votar em Russomanno
pode ser a fortificação de uma quadrilha de falsos evangélicos que já
tem Marcelo Crivella no seu quadros político. Além de apoiarem a
quadrilha de Lula em Brasília, são "abortistas" e fazem qualquer coisa
por dinheiro. Trocar uma quadrilha (sindical) por outra
(pseudo-evangélica) não me parece um bom negócio.
Candidato
à prefeitura de São Paulo pelo PRB, Celso Russomanno, ao lado do
presidente nacional de seu partido, o bispo licenciado Marcos PereiraFoto: Fernando Borges/Terra
PRB de Russomanno tem 66% dos dirigentes ligados à Universal
TIAGO DIAS
Na sabatina realizado pelo canal Record News, no último dia 13, o candidato à prefeitura de São Paulo pelo PRB, Celso Russomanno,
foi indagado pelo jornalista Heródoto Barbeiro se ele era candidato da
igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e da Rede Record. Russomanno,
como já vinha enfatizando publicamente, respondeu: "Sou candidato de
todas as igrejas". Sobre a Record, afirmou: "não existe isso. Se sou,
não estou sabendo". Na prática, porém, o que pode ser percebido são
laços estreitos que unem a emissora, a igreja e o partido. Um número
significativo de lideranças do PRB, que participam do núcleo que
determina os caminhos da legenda, são ou foram pastores, bispos e dono
de afiliada da Record.
Segundo levantamento feito pelo Terra,
por meio das informações disponíveis no site do partido, pelo menos 66%
das lideranças do PRB têm ou já tiveram ligações com a igreja
universal. Quando é levado em conta o envolvimento com o grupo Record, o
número sobe para 73%, embora existam membros com ligação tanto na
emissora quanto na igreja.
O levantamento levou em consideração
os 18 membros da executiva nacional (55% deles têm ou tiveram
participação na Universal e na Record) e os 26 presidentes estaduais do
partido (onde a relação é mais abrangente: 85% dos membros já tiveram ou
têm relação com a igreja, com a emissora ou com ambas) - o presidente
do PRB em Pará, pastor Raul Batista de Souza, já foi contabilizado na
lista da executiva, onde acumula a função de suplente. O Terra não
conseguiu informações sobre sete dos membros da executiva nacional, por
não terem, aparentemente, vida pública. Eles não foram contabilizados
na pesquisa.
Tal ligação é chamada pelo cientista
político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) Claudio
Gonçalves Couto de "empreendimento". "Igreja, Record e PRB fazem parte
do mesmo conglomerado, um empreendimento. E os laços são estreitos",
opina. Couto realizou o mesmo levantamento e divulgou os resultados em
um artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo no último dia 18.
O PRB afirma que não dispõe do
número oficial de participantes (ou ex-integrantes) das duas
organizações na executiva nacional e nas direções estaduais. O
presidente nacional do PRB, Marcos Pereira, que já foi vice-presidente
da Record e é bispo licenciado da Universal, rechaça qualquer vínculo
entre o partido, a igreja e a emissora. Para ele, a grande participação
de bispos e pastores entre os dirigentes não é motivo para ilações entre
as três partes, muito menos para um conflito ético: "Não há nenhum
conflito. Se fosse um partido religioso, até seria. Mas a gente não tem
ligação com a Universal. Não discutimos religião (no PRB), discutimos
política", minimizou.
Em entrevista ao Terra,
Pereira diz fazer um desabafo. "Estou cansado de responder sobre isso",
avisou. "Pedi licença para a igreja em 1994. Há 18 anos eu venho
exercendo atividades acadêmicas e como advogado. Daqui a pouco vão dizer
que a Universal interfere nas minhas aulas", reclama. Pereira ainda
afirma que há muitos integrantes da Universal que são candidatos por
outros partidos, assim como no PRB, e dá exemplos de dirigentes que fogem do levantamento, como o suplente e presidente do PRB do Ceará, Miguel Dias
de Souza. "Ele é um católico fervoroso. Encontro com ele e ele já chega
beijando a santinha", conta. Miguel Dias é dono da TV Cidade, afiliada
da Record no Estado e, segundo Pereira, é o único dirigente do partido a
ter uma ligação atual com a Record. "O restante são pessoas que já
tiveram ligação com a emissora. O tempo verbal faz toda a diferença",
opina.
Ex-apresentador da Record, Celso
Russomanno afirma categoricamente que seu partido é misto e que, assim
como ele, 80% dos integrantes são católicos. Evangélicos somariam 20% e
apenas 6% dessa faixa seriam da Universal - a informação também é
reproduzida por Pereira. O candidato tem procurado dizer que defende o
Estado laico, ao ser questionado sobre os apoios de igrejas em torno de
sua candidatura, e sempre que possível afirma haver uma distância entre
ele e a opinião de dirigentes.
Para o cientista político, a relação
entre partido e candidato é intrínseca. "É claro que um prefeito tem
até certa autonomia, mas não dá pra afirmar que ele (Celso Russomanno)
fará uso dessa autonomia. Há um grau de lealdade do partido com suas
lideranças, pode ser que uma gestão não contrarie algum tipo de
interesse", explica. O especialista ainda questiona: "E sobre os ruídos
dos templos, como será que a prefeitura do Celso Russomanno vai lidar
com essas questões?"
Comissões Provisórias
Além de ser maioria na Executiva
Nacional do partido, lideranças do partido ligadas à Record e, em sua
maior parte, à Universal, aparecem em maior número nos Estados. Dos 27
presidentes, apenas 4 (15%) não têm ou não tiveram vínculo com a igreja
Universal ou o grupo Record. O número dos dirigentes que são ou foram
pastores é grande: 18. Bispos somam 4. Há ainda lideranças locais que trazem a ligação com a igreja e com a Record, ao mesmo tempo.
É o caso de Jeronimo Alves Ferreira, presidente do PRB de Santa Catarina, que é bispo licenciado e, segundo Pereira, ex-presidente da Record no Rio Grande do Sul.
É o caso de Jeronimo Alves Ferreira, presidente do PRB de Santa Catarina, que é bispo licenciado e, segundo Pereira, ex-presidente da Record no Rio Grande do Sul.
Segundo o professor Cláudio
Gonçalves Couto, a presença massiva de bispos e pastores deve-se à
estrutura do partido, que não possui diretórios, mas sim "comissões
provisórias". "Em uma comissão, os membros são indicados pela executiva
nacional, que possui total controle sobre eles. No caso de PRB, os
presidentes estaduais foram indicados pelo centro. Uma esmagadora
parcela deles faz parte da Universal, isso reflete uma diretriz do
partido. Essa ligação é um fato", explica Couto. O presidente nacional
do PRB, Marcos Pereira, afirma a estrutura será revista, mas garante
autonomia nos Estados. "Pergunte para cada um dos 27 presidentes. De
preferência para aqueles que não são membros da Universal", pede.
Couto, porém, afirma que o modelo diminui até a participação dos filiados e
outros integrantes dos partidos. "Os filiados podem ser apenas 6% da
Universal, mas isso não importa, eles não conseguem definir os rumos do
diretório, do partido"
Um candidato católico
O fato de Celso Russomanno ser católico é um "trunfo" para o PRB, na análise de Couto. Para ele, a escolha é mais palatável aos eleitores paulistas.
"Os evangélicos ainda são encarados de forma pejorativa, há um
preconceito disseminado. Quando uma pessoa diz que é católica, isso não
quer dizer muita coisa, são pessoas que não necessariamente têm pra si
os ideias da religião. Ter um candidato que se diz católico é um trunfo
pro PRB."
O professor avalia que, se o
candidato fosse da própria Universal, dificilmente teria os 35% das
intenções de votos que Russomanno tem, segundo as últimas pesquisas. "É
provável que ele não estivesse tão bem. Há uma rejeição. É só ver o do
(ministro da Pesca, Marcelo) Crivella (PRB), que chegou a disputar o
Senado no Rio de Janeiro, mas perdeu", explica.
Para ele, a escolha pelo candidato é
encarada como um "negócio", assim como as escolhas na grade da
emissora. "O negócio dos partidos é ganhar a eleição e
exercer o poder. O maior instrumento que o PRB tinha era lançar o
Russomanno. Do ponto de vista da Record, existe o reality show A Fazenda. Não é contraditório uma empresa da Universal ter um programa com apelo erótico? Da lógica empresarial, faz sentido", afirma.
O presidente nacional do PRB volta a
rebater e pergunta: "Você acha que o Celso Russomanno e o vice dele, o
(Luiz Flávio) D'Urso, um advogado respeitado, iam se submeter à igreja
Universal?"
Os 6 mais importantes no PRB:
Marcos Antônio Pereira - Presidente Nacional do PRB
Ligação: Bispo licenciado da igreja Universal e ex-vice-presidente da Record
É coordenador de campanha de Celso
Russomanno e se envolveu recentemente em uma polêmica com a igreja
Católica. Em um artigo escrito em seu blog em 2011 - e divulgado nas
redes sociais na semana passada -, Pereira criticava a igreja católica
por influenciar decisões do governo federal.
George Hilton Cecílio - Presidente do Conselho de Ética
Ligação: Pastor da Universal
O deputado federal concorre à
prefeitura de Contagem (MG). Em 2005, foi expulso do PFL após ter sido
supostamente flagrado em um aeroporto transportando dinheiro proveniente
de doações de fiéis da Universal. Em sua biografia no site oficial,
consta que George Hilton é teólogo, mas não informa sua atividade na
igreja como pastor. É também cantor e apresentador gospel.
Antônio Bulhões - Presidente do Conselho Político e líder do PRB na Câmara dos Deputados
Ligação: Bispo e ex-apresentador do Fala Que Eu Te Escuto, da Record
Bispo da IURD, apresentou o programa Fala que eu te escuto da
igreja, transmitido pela Rede Record. Bulhões é deputado reeleito.
Segundo sua biografia, dedicou-se à vida de pastor aos 15 anos. Aos 27,
já era bispo.
Eduardo Lopes - 1º vice-presidente e líder do PRB no Senado
Ligação: Bispo licenciado da Universal
Suplente do senador e bispo Marcello
Crivella, Eduardo Lopes assumiu a cadeira logo após a ida de Crivella
ao ministério da Pesca. Se licenciou do cargo de bispo em março.
Heleno Silva - 2º Vice-presidente
Ligação: Pastor da Universal
Deputado federal, o pastor é acusado
de formação de quadrilha e corrupção passiva por suposta participação
no escândalo dos Sanguessugas. O processo tramita no STF em segredo de
Justiça. No Twitter, ele avisa: "sou Pastor e Deputado Federal.
Escolhido por Deus e eleito por seu povo"
Evandro Garla - Secretário-Geral
Ligação: Pastor da Universal
O pastor da IURD é o único deputado a fazer parte do bloco PT-PRB na bancada. Embora não seja divulgado em seu histórico e biografia, é pastor da IURD.
Fonte: terra.com.br
DO MARIO FORTES
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