”Em
2006 “Juquinha” anunciou que o projeto executivo estava pronto, a obra
custaria US$ 9 bilhões, a Viúva não colocaria um ceitil e o trem rodaria
antes da Copa de 2014. A doutora Dilma Rousseff, que então estava na
chefia do Gabinete Civil, encantou-se com a proposta e incluiu-a no PAC.
O presidente Lula anexou-a ao Programa Nacional de Desestatização,
informando que o trem seria licitado em 2008. Tudo lorota”
Foto:
Postado por Toinho de Passira
Texto de Elio Gaspari
Fonte: Blog do Noblat
No mesmo dia em que a Polícia Federal pôs na cadeia José Francisco das Neves, o “Doutor Juquinha”, ex-presidente da Valec, o governo anunciou a retomada do projeto do trem-bala com a abertura de uma licitação internacional para a elaboração do projeto executivo da obra. Foi uma trapaça do acaso, talvez um mau presságio.
“Doutor Juquinha” foi o comissário das ferrovias públicas, presidindo a Valec de 2003 a 2011. No seu mandarinato prosperou a ideia de um trem que ligaria o Rio a São Paulo e sua trajetória é uma aula para o conhecimento da leviandade e da inépcia que acompanham os projetos de infraestrutura do governo federal.
Em 2006 “Juquinha” anunciou que o projeto executivo estava pronto, a obra custaria US$ 9 bilhões, a Viúva não colocaria um ceitil e o trem rodaria antes da Copa de 2014.
A doutora Dilma Rousseff, que então estava na chefia do Gabinete Civil, encantou-se com a proposta e incluiu-a no PAC. O presidente Lula anexou-a ao Programa Nacional de Desestatização, informando que o trem seria licitado em 2008.
Tudo lorota. Não havia projeto executivo e o consórcio italiano que alavancava a marquetagem inventara uma demanda de 32 milhões de passageiros/ano. O trem do Doutor Juquinha seria o único do mundo a percorrer uma distância como a do Rio a São Paulo (430 km.) sem uma única parada.
O Tribunal de Contas acendeu o sinal de perigo e o projeto foi da Valec para o BNDES. Lá, o consórcio foi desmascarado e posto para fora.
O Doutor Juquinha só foi demitido da Valec no ano passado, sem que se discutisse sua gestão. Agora o Ministério Público confiscou-lhe quinze imóveis, parte de uma fortuna de R$ 60 milhões, uma acumulação de alta velocidade, pois em 1998 declarava um patrimônio de R$ 560 mil.
O trem-bala é uma atração do parque de diversões do governo. A cada ano anuncia-se uma nova data para a licitação e a cada ano surge um novo preço. As grandes empreiteiras nacionais têm mais medo desse trem da doutora Dilma do que de CPI. Fracassaram dois leilões e o projeto continua enfeitando as contas do PAC, agora com um custo estimado em US$ 21 bilhões.
A única coisa que andou foi o processo do consórcio italiano que cobra ao governo brasileiro uma indenização de US$ 290 milhões. Aquilo que seria uma obra inteiramente privada tornou-se um projeto público, com a Viúva desembolsando boa parte do investimento.
Não há trem e não há projeto, mas já há uma empresa estatal para cuidar do assunto, a Etav. Tudo indica que será presidida pelo doutor Bernardo Figueiredo, diretor administrativo e financeiro da Valec do “Doutor Juquinha” até 2005 e diretor geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres a partir de 2008, na fase 2.0 do trem-bala.
Pelas previsões de hoje, o projeto executivo ficará pronto no ano que vem. É improvável que a obra seja licitada antes de 2014.
O comissariado anunciou que contratará um projeto executivo de engenharia com a naturalidade de quem troca uma sandália. Durante cinco anos vendeu-se para a patuleia um trem que percorreria 518 quilômetros, do Rio a Campinas, atravessando 103 quilômetros de túneis (duas vezes a extensão do “Chunnel”, que liga a Inglaterra à França), e agora vai se começar do zero? É isso mesmo.
Texto de Elio Gaspari
Fonte: Blog do Noblat
No mesmo dia em que a Polícia Federal pôs na cadeia José Francisco das Neves, o “Doutor Juquinha”, ex-presidente da Valec, o governo anunciou a retomada do projeto do trem-bala com a abertura de uma licitação internacional para a elaboração do projeto executivo da obra. Foi uma trapaça do acaso, talvez um mau presságio.
“Doutor Juquinha” foi o comissário das ferrovias públicas, presidindo a Valec de 2003 a 2011. No seu mandarinato prosperou a ideia de um trem que ligaria o Rio a São Paulo e sua trajetória é uma aula para o conhecimento da leviandade e da inépcia que acompanham os projetos de infraestrutura do governo federal.
Em 2006 “Juquinha” anunciou que o projeto executivo estava pronto, a obra custaria US$ 9 bilhões, a Viúva não colocaria um ceitil e o trem rodaria antes da Copa de 2014.
A doutora Dilma Rousseff, que então estava na chefia do Gabinete Civil, encantou-se com a proposta e incluiu-a no PAC. O presidente Lula anexou-a ao Programa Nacional de Desestatização, informando que o trem seria licitado em 2008.
Tudo lorota. Não havia projeto executivo e o consórcio italiano que alavancava a marquetagem inventara uma demanda de 32 milhões de passageiros/ano. O trem do Doutor Juquinha seria o único do mundo a percorrer uma distância como a do Rio a São Paulo (430 km.) sem uma única parada.
O Tribunal de Contas acendeu o sinal de perigo e o projeto foi da Valec para o BNDES. Lá, o consórcio foi desmascarado e posto para fora.
O Doutor Juquinha só foi demitido da Valec no ano passado, sem que se discutisse sua gestão. Agora o Ministério Público confiscou-lhe quinze imóveis, parte de uma fortuna de R$ 60 milhões, uma acumulação de alta velocidade, pois em 1998 declarava um patrimônio de R$ 560 mil.
O trem-bala é uma atração do parque de diversões do governo. A cada ano anuncia-se uma nova data para a licitação e a cada ano surge um novo preço. As grandes empreiteiras nacionais têm mais medo desse trem da doutora Dilma do que de CPI. Fracassaram dois leilões e o projeto continua enfeitando as contas do PAC, agora com um custo estimado em US$ 21 bilhões.
A única coisa que andou foi o processo do consórcio italiano que cobra ao governo brasileiro uma indenização de US$ 290 milhões. Aquilo que seria uma obra inteiramente privada tornou-se um projeto público, com a Viúva desembolsando boa parte do investimento.
Não há trem e não há projeto, mas já há uma empresa estatal para cuidar do assunto, a Etav. Tudo indica que será presidida pelo doutor Bernardo Figueiredo, diretor administrativo e financeiro da Valec do “Doutor Juquinha” até 2005 e diretor geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres a partir de 2008, na fase 2.0 do trem-bala.
Pelas previsões de hoje, o projeto executivo ficará pronto no ano que vem. É improvável que a obra seja licitada antes de 2014.
O comissariado anunciou que contratará um projeto executivo de engenharia com a naturalidade de quem troca uma sandália. Durante cinco anos vendeu-se para a patuleia um trem que percorreria 518 quilômetros, do Rio a Campinas, atravessando 103 quilômetros de túneis (duas vezes a extensão do “Chunnel”, que liga a Inglaterra à França), e agora vai se começar do zero? É isso mesmo.
*Acrescentamos subtítulo e foto a publicação original
DO THE PASSIRA NEWS
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