quinta-feira, 15 de março de 2012

Perceba o jornalismo militante da Folha de São Paulo

Treehugger
Não é de hoje que venho apontando aqui no blog o jornalismo militante que tomou conta das editorias dos jornalões. Já fiz inclusive a Folha de São Paulo mandar um de seus jornalistas reescrever uma manchete mentirosa que dava conta de um aumento de desmatamento na Amazônia quando na verdade o desmatamento havia caído.
Agora o mesmo jornalista escreveu mais uma pérola de militância travestida de jornalismo. Segundo o jornalista, diante da vontade Congresso Nacional de legislar, manter o Código Florestal como está, não prorrogar o decreto que criminaliza 90% da agricultura nacional e flexibilizar, por meio de outro decreto, as regras de cumprimento da lei para pequenos proprietários.
Segundo o "jornalista" esse movimento ajudaria a criar uma distensão com a maioria dos produtores e passaria à bancada ruralista o recado de que o texto do Senado, que o governo defende, seria melhor para o setor produtivo. O "jornalista" ouviu a opinião do militante ambiental, Sarneyzinho, que disse: "Se eles fizerem uma reedição do decreto dando segurança jurídica ao pequeno produtor, podem descomprimir a tensão dos ruralistas". A matéria segue afirmando que "a proposta também criaria uma distensão com os ambientalistas, que não querem mudanças no código e criticam até o texto do Senado."
Veja aqui o texto na íntegra: Governo estuda manter Código Florestal atual
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Em tempo, a matéria da Folha é simplesmente um peça de ficção. Não existe disposição nenhuma do governo de trilhar o caminho que o jornalista fez publicar na Folha. O leitor precisa entender que o cidadão que escreveu essa matéria não é um jornalista, é um militante ambiental, nas palavras dele mesmo no twitter, um Treehugger. Treehugger é um gíria do inglês que significa fanático pela proteção de florestas.
O que o treehugger da Folha fez não foi uma matéria fundamentada em fatos buscando mostra uma realidade, mas um texto onde procura lançar ao governo a ideia tentando interferir na realidade. O "jornalismo" ambiental não se contenta em reportar o mundo, ele tenta interferir no mundo. Na verdade o treehugger usou a credibilidade do jornalão para testar o nível de aceitação social e político da sugestão que ele mesmo (ou alguém por trás dele) construíram no texto.
Querem ver outro indício de militância no texto do treehugger? Repare que no inicio do texto ele fala em "flexibilizar a lei para pequenos produtores". "Flexibilizar a lei para pequenos" produtores é um eufemismo que o treehugger usou para tornar a sugestão de não mexer no Código Florestal aceitável. Mais abaixo, no mesmo texto, o treehugger diz que se não houver a tal flexibilização "o Ibama ficaria livre para multar desmatadores a rodo". O treehugger está falando das mesmas pessoas: pequenos produtores rurais.
Para justificar a flexibilização da regra e a preservação do Código Florestal vigente, o treehugger fala em pequenos produtores, mais dois parágrafos abaixo ele volta a se referir ao mesmo stakeholder como "desmatadores".
Também venho tentando mostrar aqui no blog que esse processo de reforma do Código Florestal está sendo extremamente útil à sociedade não apenas porque tornou evidente a inaplicabilidade do Código Florestal, mas porque expôs a necessidade de se repensar também a cobertura jornalística de temas ambientais.
Antes do ínicio dessa reforma os jornalões, com suas editorias de meio ambiente entregues a gente como o treehugger, fizeram a sociedade acreditar que o Código Florestal era a melhor lei do mundo, quando na verdade não era. Os jornalões esconderam a verdade quando deveriam mostrá-la e fizeram isso por confiar em militantes escondidos sob um diploma de jornalismo.
A foto que ilustra o post é da Agência Brasil
DO CODIGO FLORESTAL

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