domingo, 18 de março de 2012

Os truques dos esquerdistas para iludir eleitores e de parte da imprensa para iludir leitores. Ou: A Internacional Comunista se funde ao “Freak Le Boom Boom”, de Gretchen, a Marilena Chaui do rebolado! Ou: “Precisamos achar uma pauta para Haddad!”

Queridos, abaixo vai um longo texto sobre o modo como as esquerdas, especialmente a petezada, com a colaboração da imprensa, tentam dar um truque no eleitor — e nos leitores. Também demonstrarei que os figurões do PT se pelam de medo de que a população se lembre de quem são os petistas e do que é o PT. A operação para tentar blindar Fernando Haddad dos temas polêmicos é gigantesca e já mobiliza os apparatchiki da academia e do jornalismo. Uma coisa curiosa: até agora, o pré-candidato tucano à Prefeitura, José Serra, não tocou em temas como o kit gay para as escolas, por exemplo. Os petistas, no entanto, não falam em outra coisa e insistem: tratar do assunto em campanha seria baixaria… Fazem isso agora para mobilizar os “progressistas” do miolo mole e a imprensa, tentado criar precocemente um cordão sanitário em torno do tema, intimidando os adversários. Quem está orientando essa estratégia? João Santana, o publicitário.  Chegarei lá. Antes, uma viagem (da razão, é claro, sem matinho…).
O leitor e eleitor que não é de São Paulo não tem como acompanhar no detalhe a realidade que abordo, mas certamente saberá do que falo porque “eles” são iguais em toda parte. Como tratarei do que, de fato, é uma falha — ou uma conformação, se quiserem — de caráter, não há diferença entre “acadêmicos” de esquerda de São Paulo, Salvador, Porto Alegre ou Xiririxa da Serra do Sul…
As editorias de política dos grandes jornais de São Paulo estão um pouco desesperadas, Por quê? Porque é preciso, afinal de contas, noticiar alguma coisa sobre Fernando Haddad, o pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo. Mas o quê? O “nosso” (delas) candidato é ruim de doer! Até Gabriel Chalita parece munido de mais dote… intelectual. O neopeemedebista é, ao menos, corajosamente cafona para vir com aquela conversa “do amor”. Desassombrado, sem medo do ridículo, conta em entrevistas que bastou uma senhora rica lhe pedir “escreve aí”, e logo nasceu um novo livro. Sem qualquer noção remota de pudor intelectual, conta que pode fundir a perseguição aos albinos da Tanzânia com o poema “Navio Negreiro”, de Castro Alves, para dar à luz uma nova obra. Chalita não pretende que gente que se leva a sério o leve a sério. Seu mundo é aquele das tias encantadas com o talento dos sobrinhos — pouco importa se o rapaz vira cambalhota ou declina todos os afluentes das margens direita e esquerda do Amazonas… Em qualquer caso, é um prodígio.
Haddad, por enquanto, nem isso. Não desenvolveu essa habilidade pra fingir talento ou esconder a falta dele. Tem-se mostrado — e não foi diferente no Ministério da Educação — um notório trapalhão. Se vai vencer ou não, isso é com o eleitorado. Na democracia, desde que não opte pela destruição das instituições, o povo sempre está certo — o que não quer dizer que sempre acerte. A consideração é mais complexa do que parece. Sigamos.
Como Lula, que o inventou como candidato, está um pouco afastado do dia a dia da política, Haddad não consegue gerar notícia. Então é preciso corrigir, com o, como posso chamar?, enfoque editorial a ausência de lead — e de ideias.
Haddad, mandam avisar os petistas, decidiu que vai agora explorar o que considera as fragilidades da Prefeitura e dos tucanos. Não!!! Que danado e criativo esse moço! Foi num insight como esse que Arquimedes pulou da banheira e gritou: “Eureca!” A primeira ideia bacana ele já teve: vai manter a inspeção veicular, mas não vai cobrar taxa! Vocês acreditam que as redações — aquelas…, loucas para bombar a pauta de Haddad — convocaram politicólogos para saber o que acharam da sugestão. Afetando a gravidade dos pensadores, eles disseram: “Haddad está tentando demonstrar que é contra impostos …” — ou qualquer cerda do gênero. Esses politicólogos, no caso,  necessariamente afinados com a esquerdopatia, só se esqueceram de dizer que, nessa hipótese, quem não tem carro pagaria por quem tem. É o que se chama socialismo moderno, que consiste em tirar de quem não tem para financiar quem tem!
Os mesmos “companheiros jornalistas” que não podem ver um ciclista passando maquiagem em outro sem que sintam palpitar seus instintos mais cicloafetivos não disseram uma vírgulazinha, nada!, sobre esse benefício que Haddad quer dar aos carros. Gilberto Dimenstein, que chamou os motoristas de “idiotas sobre quatro rodas” — ele refina seu estilo a cada dia! —, que eu saiba, nada disse sobre a proposta idiota de Haddad. Aliás, chegou a hora de fazer cobranças: pode reivindicar que o Haddad garante. Se ele desconfiar que existe um grupo influente contra a Lei da Gravidade, ele prometerá revogá-la.
Os “inteliquituais”
Na busca desesperada por uma pauta virtuosa para Haddad, merecem os “inteliquituais” de esquerda, que estariam voltando ao PT. Alguns teriam ficado indignados com o mensalão, mas já passou. Esquerdista com prurido moral é cabeça de bacalhau.  Alguém que continua de esquerda depois de Stálin, Mao, Pol Pot e Fidel Castro não dá bola a pelo menos 100 milhões de mortos. Por que se incomodaria com “os recursos não-contabilizados” de Delúbio Soares? Passam a ser até um troco bem-vindo. Aliás, se a gente for investigar alguns dos que saem por aí falando, é quase certo que vamos encontrá-los pendurados em alguma bolsa disso e daquilo, longe da sala de aula e mamando nas tetas do estado — tomando vinho chique com o dinheiro dos desdentados. Mas seu coração palpita pelos pobres.  Adiante.
No Estado de ontem, Vera Rosa informava o que segue em vermelho - comento em azul.
A campanha de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo vai resgatar intelectuais afastados da política e principalmente do PT desde o escândalo do mensalão, em 2005. O programa de governo do ex-ministro da Educação terá participações especiais de renomados pesquisadores e professores universitários, que se distribuirão em comissões temáticas para discutir os principais problemas da capital paulista.
Bem, o trecho me faz supor que a “dor do mensalão” já passou, certo? Os “renomados pesquisadores e professores universitários” fizeram o seu próprio tribunal e chegaram à conclusão de que operar caixa dois, comprar o Congresso, usar estatais num esquema sujo, pagar campanha eleitoral em dólares, com dinheiro ilícito, no exterior, tudo isso é coisa normal, que merece ser abençoada pela “intelligentsia”.
O diagnóstico será somado a pesquisas encomendadas ao publicitário João Santana, responsável pela propaganda de TV do candidato, com o objetivo de verificar as prioridades da população. “O que se observa, hoje, é um divórcio entre a sociedade e a administração. A ideia é que a campanha de Haddad crie um movimento suprapartidário para um processo de reflexão sobre a cidade”, resumiu o cientista político Aldo Fornazieri, coordenador técnico do programa de governo.
Eba! “Movimento suprapartidário!” Entendi! Tentarão demonstrar que Haddad não é exatamente petista. Parece que alguém roubou do PT as duas ultimas eleições. A tese de fundo é a seguinte: quando a maioria vota no “partido”, há um casamento entre povo e administração; quando não vota, divórcio! De sorte que a democracia só é legítima quando os petistas vencem. Se não é assim, então alguma distorção está em curso.  Essa gente tem a coragem de entrar numa sala de aula e falar como especialista, como cientista político!
Há uma semana, cerca de 100 intelectuais - entre pesquisadores e professores da USP, Unicamp, Unifesp e Fundação-Escola de Sociologia e Política - reuniram-se com Haddad. Muitos afastados da política partidária, decidiram colaborar com a campanha e se reaproximar do PT. Na lista constam nomes como Olgária Matos, Ruy Fausto, Leda Paulani, Ricardo Carneiro e Walquíria Leão Rego. O primeiro seminário temático da plataforma de governo, sobre educação, está marcado para hoje e será coordenado pelo professor Mário Sérgio Cortella.
O único aí que não é um petista — ou ainda mais à esquerda! — do calcanhar rachado é Cortella — mas também não está muito distante da turma, não! Algumas de suas generalidades — é, assim, um Chalita com mais leitura — servem para conferir certa aparência pluralista ao grupo. Olgária Matos? Bem, o meu arquivo está aí. Cadê Marilena Chaui, a Gretchen do rebolado petista? Só ela pode unir o pensamento de Spinoza com o caixa dois de Dlúbio; só ela pode cantar o hino da Internacional Comunista ao ritmo do “Freak Le Boom Boom”. Posso imaginar:
De pé, ó vítimas da fome
De pé, famélicos da terra
Da ideia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra.

Boom boom, freak le boom boom,
Only you, you better all, I shake it up, cause awh!l
I need a man and my body is for you, oh, yes
Oh I, I love you baby, all the time
I want you, baby, in my mind

Cortai o mal bem pelo fundo
De pé, de pé, não mais senhores
Se nada somos em tal mundo
Sejamos tudo, ó produtores
Oh, yes
Oh it’s all right, I love you baby, all the time
I want you, baby, in my mind
I need, te quiero, Je t’aime, oh
boom boom, freak le boom boom
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Sigamos com a matéria no Estadão.
“Ponho minha mão no fogo pelo Fernando, mas, se ele estivesse com Kassab e Meirelles no palanque, ia votar quietinha, mas não participaria”, disse Leda Paulani, professora titular do Departamento de Economia da USP, numa referência ao prefeito Gilberto Kassab (PSD) e ao ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. “Seria contraditório com tudo o que escrevi.”
Esta senhora dá aula de economia? Já ouvi falar porque a reputação precede as aulas. Fazer o quê? Se Haddad estivesse com Kassab e Meirelles, ela votaria quietinha. A professora Leda deve ensinar a seus alunos — tentar ao menos; se a turma da FEA caísse na dela, estaria invadindo reitoria —  que a pior parte dos oito anos do governo Lula foi o Banco Central… Mas isso nem é o mais interessante. Boa esquerdista, ela estaria preocupada em não parecer “contraditória”. Fosse dada a ela a tarefa de resumir um lema para a mulher de César, parece que seria este: “Ela não tem de ser honesta, mas tem de parecer…”
Mais: esta senhora alimenta o mito de que tudo o que pode haver de errado nos governos petitas é obra de aliados. Pelos “companheiros”, ela põe a mão no fogo. A síntese moral de pensamento tão elevado é a seguinte: não importa com quantos maus (segundo a ótima esquerdopata) os petistas se unam, eles serão sempre bons.
Integrante do PSD de Kassab, Meirelles chegou a ser cotado para vice de Haddad, mas a aliança com o PT naufragou depois que o ex-governador José Serra (PSDB) entrou no páreo. Paulani respirou aliviada e promete ajudar no programa. Ela se desfiliou do PT depois da crise do mensalão e diz estar feliz por voltar a “lutar de novo” na política.
Ah, entendi. Aquela “coisa” do mensalão já passou, né? Ela deve achar que, agora, está tudo bem. Mais curioso ainda: ela acha que Kassab macularia a honra de seu partido, mas José Sarney e Renan Calheiros, para citar apenas dois patriotas, certamente a dignificam!
“Sabemos como o Fernando pensa e ele tem a capacidade de aglutinar as pessoas. Se fosse outro candidato do PT, seguramente não teria”, afirmou a economista. Para a professora Walquíria Leão Rego, titular do Departamento de Ciência Política da Unicamp, os intelectuais de esquerda estão dispostos a resgatar a militância política.
O “Fernando…” Ah, essa intimidade é tão “cute“, quero dizer, tão cute-cute!!! Opa! Agora veio a Leão do Rego! Preparem-se:
“Chegou o momento crucial, e há o sentimento de que temos de fazer alguma coisa, mesmo sem tribuna. Não podemos deixar que o Serra faça com o Haddad o que fez com a Dilma em 2010″, argumentou Walquíria, numa alusão ao confronto religioso que marcou a campanha entre o ex-governador e a petista Dilma Rousseff, eleita presidente. “Para os tucanos, o combate em São Paulo é de vida ou morte”, disse a socióloga, que tem vários estudos sobre o programa Bolsa Família.
***Oh, coitadinha da Dilma! O que será que o Serra fez com ela? Serra uma ova! Quem cobrou as opiniões da então candidata sobre o aborto foi a sociedade. Aliás, com serenidade, lembro a Vera Rosa que sua síntese do acontecido é imprecisa além do aceitável. Faz supor que o então candidato tucano à Presidência liderou alguma pregação de cunho religioso. E isso é simplesmente falso. Desafio alguém a demonstrar que ele sequer tocou no assunto - só quando foi indagado a respeito. Aliás, foi um erro! Deveria ter tratado do assunto, sim! Quem falta com a verdade nesse assunto pode fazer o mesmo em outros. Aliás, Dilma já desistiu da instalação das UPPs, por exemplo. Também não construiu as creches nem fez as UPAs…
Concluindo…
O cavalo dessa Walquíria não é grande coisa, coitado! Existe, sim, um movimento de “volta ao sectarismo” da esquerda universitária, que está preocupada — como Gilberto Carvalho deixou claro no Fórum Social Mundial — com os valores que considera “reacionários” da classe média, especialmente disso que os deslumbrados chamam “nova classe média” (que é só o pobre que não passa fome, mas que mora mal, por exemplo).
Os filminhos do kit gay de Haddad, se exibidos para essa faixa da população, o liquidariam eleitoralmente. Não porque essa “nova classe média” seja burra, não porque ela seja reacionária, não porque ela seja desinformada, mas porque eles são mesmo absurdos.
Assim, antes que alguém tenha ideia de exibi-los às massas, eles gritam: “Baixaria! Isso não!” GOSTARIA QUE ALGUM COLEGUINHA ESCREVESSE UM TEXTO EXPLICANDO POR QUE “ISSO NÃO”. Quer dizer que o ministro pode preparar aquelas peças para os filhos dos eleitores, mas eles mesmos estariam proibidos de conhecê-las? O pré-candidato já andou se posicionando até sobre o aborto. Apressou-se em dizer que, “como homem”, é contra! Sei. E como vegetal? E como mineral? Se fosse mulher, seria a favor?
Eis aí. O esforço para achar uma pauta virtuosa para Haddad - inclusive nas redações - é imenso. E noto que a mobilização dos ditos “inteliquituais” de esquerda, que já superaram o trauma do mensalão, busca proteger  o “Fernando” da obra de “Haddad”. Como disse aquela, “não podemos deixar Serra fazer com Haddad o que fez com Dilma”. O que foi mesmo que ele fez? Ah, disputou com ela a eleição! Onde já se viu uma coisa dessas? Isso é inaceitável!
Por Reinaldo Azevedo
REV VEJA

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