domingo, 18 de março de 2012

Fora da coalizão, PR fala até em CPI da Casa da Moeda

ROSA COSTA, DENISE MADUEÑO / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
O pêndulo do PR voltou-se para a oposição e o partido já ensaia uma retaliação ao Planalto. Tão logo oficializou o rompimento na última quarta-feira, o senador e ex-ministro Alfredo Nascimento (AM) procurou o tucano Flexa Ribeiro (PA) para avisar que estava disposto a assinar a CPI da Casa da Moeda, que atinge em cheio o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Onde é que eu assino", indagou.
Recém convertidos à oposição, os sete senadores do PR terão a chance de marcar a mudança de posição na próxima semana. O líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), vai sondar a disposição do PR. "Se eles quiserem fazer a CPI da Casa da Moeda nós faremos", disse o tucano, referindo-se às denúncias de enriquecimento do ex-presidente da estatal Luiz Felipe Denucci.
Terras indígenas. Na Câmara, o campo está minado. Deputados da base e, principalmente, a bancada ruralista, preparam uma derrota para Dilma na próxima semana com a aprovação de uma proposta de emenda constitucional retirando poderes do presidente da República na demarcação de terras indígenas, de áreas de preservação ambiental e regiões de quilombolas.
A proposta de emenda constitucional transfere para o Congresso a palavra final sobre a delimitação dessas terras, hoje definidas por ação do Executivo.
O projeto, pronto para ser votado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, é uma das bombas legislativas com potencial para prejudicar o governo no momento em que a presidente enfrenta uma crise com sua base parlamentar. Representante do PT na CCJ, o deputado Alessandro Molon (RJ) avalia que a votação não será uma disputa entre governo e oposição, mas uma queda de braço com os ruralistas. "O que está por trás é a sanha por mais terra para exploração do agronegócio", afirmou. "Será um grave retrocesso para o País", sentenciou Molon. Ele avaliou que o Congresso estará sinalizando ao mundo que o País, ao contrário de ampliar a proteção ambiental e a defesa das populações, estará aumentando a possibilidade de diminuir essas áreas.
Reajuste. Ainda na Câmara, a comissão de Finanças e Tributação ameaça colocar para andar o projeto de reajuste salarial de servidores do Judiciário. A proposta significa um gasto adicional de estimados R$ 6,4 bilhões ao conceder aumento médio de 56% para 100 mil funcionários.
Na comissão de Fiscalização e Controle, os deputados da oposição vão insistir na votação da convocação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para explicar as disputas na direção do Banco do Brasil e a troca no comando da Casa da Moeda, provocada por suspeitas de irregularidades na gestão. Na semana passada, o governo teve apoio dos aliados e conseguiu barrar essas iniciativas.

PR quer nacionalizar postura anti-PT

O PR marcou para terça-feira uma reunião em Brasília com presidentes regionais da sigla para discutir a abertura de conversas em todo o País com partidos que estão fora do arco de alianças do PT. Em São Paulo, as executivas estadual e municipal do partido aprovaram anteontem a abertura de negociações com as pré-candidaturas de José Serra (PSDB) e Gabriel Chalita (PMDB).
O presidente nacional da sigla, senador Alfredo Nascimento (AM), não aceita a posição do Planalto, que se recusa a devolver o Ministério dos Transportes ao PR. Por isso, ele queria decidir anteontem mesmo pelo abandono do barco petista em bases nacionais, mas a ausência de alguns líderes em uma reunião o fizeram adiar a decisão para a semana que vem.
Um dirigente do PR afirmou à reportagem que a tendência da sigla é estender o rompimento com o PT para todo o País, e não apenas na base federal. Porém, as peculiaridades regionais serão levadas em conta na eleição.
A direção nacional do partido prega a saída da base aliada ao governo federal e o rompimento com o petismo, posição mais contundente entre os senadores, que anunciaram na semana passada que não votarão mais com o governo no Congresso.
Os dirigentes, no entanto, convocaram os presidentes estaduais da legenda para avaliar as consequências que o movimento traria para o PR no âmbito regional, e, eventualmente, criar exceções para a medida nos casos em que os prejuízos da ruptura forem muito grandes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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