sexta-feira, 9 de março de 2012

O estuprador de sigilo que virou traficante de influência entra em ação disfarçado de ‘tesoureiro informal’ de Fernando Haddad


Em março de 2006, o Brasil espantou-se com a revelação: Antonio Palocci fora o mandante da violação da conta do caseiro Francenildo Costa na Caixa Econômica Federal. Ao saber que o ministro da Fazenda também exercia o ofício de estuprador de sigilo bancário, o presidente Lula confirmou que ignora a diferença entre currículo e prontuário. Primeiro, tentou inocentar o culpado. Atropelado pelas evidências, fez o possível para mantê-lo no cargo. Obrigado pelas circunstâncias a devolver à planície o pecador pilhado em flagrante, lamentou a perda do “melhor ministro da Fazenda que o Brasil já teve”.
Em maio de 2011, o Brasil espantou-se com outra revelação: Antonio Palocci, instalado por ordem de Lula no primeiro escalão de Dilma Rousseff, era um reincidente sem cura. Ao saber que o chefe da Casa Civil do governo da afilhada deixara o ramo do estupro de sigilo para fazer como traficante de influência disfarçado de “consultor financeiro”, o ex-presidente revelou que, se o PCC fosse um partido, estaria na base alugada. Primeiro, determinou a Dilma que varresse o lixo para baixo do tapete. Em seguida, baixou em Brasília para comandar pessoalmente a batalha pela permanência de Palocci no empregão ─ e em liberdade. Perdeu mais uma.
Nesta quarta-feira, o Brasil espantou-se com a descoberta de que o risonho inimigo do Código Penal voltou à ação, agora como “tesoureiro informal” da campanha de Fernando Haddad, candidato do PT à prefeitura de São Paulo. Desta vez, Lula nem pôde fingir que não sabia: de novo, foi ele quem recolocou em cena o bandido de estimação. A decisão nasceu numa conversa no Hospital Sírio-Libanês. Haddad engoliu o prato feito com a resignação de quem não tem direito a examinar cardápios.
Vale a pena seguir Palocci quando o tesoureiro começar a seguir o dinheiro. A primeira rodada de visitas certamente contemplará os clientes que o consultor de araque se negou a identificar. O país que presta gostará de saber quem são. Ficarão para a segunda etapa os possíveis novos parceiros. Convém anotar-lhes os nomes e endereços. Quando vier o próximo escândalo, eles estarão no elenco de mais um caso de polícia protagonizado por Antonio Palocci. Patrocinado, como sempre, pelo onipresente Lula.
Augusto Nunes
DO ABOBADO

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