terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Obrigado, Serra, por ter evitado FHC na campanha de 2010. Teus 44 milhões de eleitores anti-PT agradecem.

Ontem à noite, publicamos o link da entrevista traduzida concedida por FHC ao The Economist. Um trabalho do Eduardo Graeff, ex-secretário do ex-presidente e um dos bons blogueiros do bem com o seu e-Agora. Quem não leu, desça até encontrar uma foto de Lula e FHC abraçados, clique no link, leiam e só não despertem os seus instintos mais selvagens. A minha análise pessoal está no título deste post. Sempre disseram que os 44 milhões de votos não eram de Serra, eram anti-PT. Como o grande nome do PSDB dá uma declaração internacional de desejo de união com o PT, finalmente, a justiça é feita: os votos anti-PT também são de José Serra. Abaixo, a síntese produzida pela Folha de São Paulo.
Em entrevista na qual faz diversas críticas ao PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso atribui a José Serra parte da responsabilidade pela derrota tucana nas eleições de 2010 e afirma que o "candidato óbvio" do partido para disputar a Presidência em 2014 é o senador mineiro Aécio Neves. As declarações foram publicadas pelo blog "Americas View", da revista britânica "The Economist". Para o ex-presidente, Aécio está mais apto a formar alianças, e Serra deveria abrir espaço para outros. "No caso do PSDB, o ex-governador Serra faz o papel do Lula: ele tem coragem, gosta de competir. Eu não sei até que ponto ele vai se convencer de que [a disputa] não é para ele, a abrir espaço para outros", diz o tucano. 
FHC prevê também uma "briga interna muito forte no PSDB, entre Serra e Aécio" na corrida para 2014. Ele, no entanto, diz que o cenário estará mais claro apenas depois das eleições municipais. Outra avaliação de FHC é que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), não está no páreo. As declarações representam uma mudança de tom do ex-presidente. Em maio do ano passado, em entrevista ao portal iG, FHC já havia afirmado que Aécio tinha uma vantagem sobre Serra, mas dizia que a questão não estava fechada e ainda considerava Alckmin no cenário.
A entrevista de FHC deve aumentar a tensão entre Serra e Aécio, que disputam a indicação do partido para concorrer à Presidência em 2014. No final do ano passado, quando Aécio disse publicamente que queria disputar a Presidência em 2014, Serra rebateu pelo microblog Twitter: "Querer colocar o carro adiante dos bois só atrapalha e desorganiza a oposição". Ao rever o desempenho tucano em 2010, FHC avalia que o PSDB cometeu "erros enormes" na campanha. Não fosse por isso, afirma, seu partido poderia ter vencido a disputa com a hoje presidente Dilma Rousseff. 
"O que estou tentando dizer é que era possível ter vencido. Foi falha nossa", diz FHC na entrevista, que foi publicada na última quinta. O ex-presidente é então questionado se o PSDB poderia ter vencido com "o mesmo candidato". "Bem, talvez não", diz. Para FHC, um dos fatores que pesaram contra os tucanos foi o isolamento do partido, em parte provocado pelas características de Serra. "Não formamos alianças. Foi uma espécie de arrogância. Nosso candidato estava isolado, mesmo internamente", diz FHC, que concorda quando a entrevistadora pergunta se Serra afastou as pessoas: "Sim. E foi muito ruim". Procurado, Serra afirmou por meio de sua secretária que não havia lido a entrevista e não poderia comentá-la. 
SONHO COM LULA 
Na entrevista, FHC conta que teve um sonho recente com o ex-presidente Lula: "Sonhei que nós, Lula e eu, estávamos propondo juntos consenso nacional [risos]". Na vida real, o tucano propõe que o petista se afaste um pouco para permitir a chegada de novos líderes. "Deixe-me falar sem personalizar: nos últimos 20 anos, houve apenas dois líderes", diz, logo após concordar que ele ainda é uma das vozes mais importantes do PSDB, "pela falta de alternativas". FHC pondera, porém, que há uma nova geração: "É uma questão de tempo. Provavelmente, se Lula não estivesse envolvido -o mesmo se aplica a mim-, seria melhor". Quanto a 2014, FHC diz que ninguém sabe qual será o papel de Lula. Porém, ele afirma que o petista deve querer disputar a eleição, porque é "um animal muito competitivo, um animal político". 
DO CELEAKS

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