Editorial
O Estado de S.Paulo
Eles não desistem
Apesar de a presidente Dilma Rousseff ter deixado claro, em várias oportunidades, que não quer ouvir falar em censura à Imprensa, os petistas continuam fazendo proselitismo de sua visão muito particular de "controle social da mídia"
Hoje, desvinculados do governo, os três agem de comum acordo na instância partidária para manter acesa a chama da obsessão que os une: a censura à imprensa. Agem movidos, basicamente, pelo histórico radicalismo ideológico que compartilham.
E não se pode esperar que mentes autoritárias admitam o contraditório, um dos fundamentos das liberdades democráticas.
Não é à toa que Dilma Rousseff, com ampla experiência no trato com cabeças ideologicamente radicais e autoritárias, hoje queira distância do trio de ferrabrases.
Foi por essa razão que a presidente, logo ao assumir o poder, transferiu para o Ministério das Comunicações e para o ministro Paulo Bernardo a responsabilidade de rever o projeto de implantação do novo marco regulatório das comunicações.
Este, no governo Lula, tinha sido elaborado sob a inspiração de Franklin Martins, na Secretaria de Imprensa da Presidência, e promovia, deliberadamente, confusão entre os conceitos de marco regulatório propriamente dito e "controle social" das comunicações.
Como já foi mais de uma vez dito neste espaço, o marco regulatório é um conjunto de disposições legais que disciplina as atividades em áreas que dependem de concessão estatal, como a radiodifusão e a telecomunicação.
"Controle social" é conceito que implica não apenas a regulação da propriedade e do funcionamento técnico dos instrumentos de comunicação, mas, sobretudo, dos conteúdos veiculados.
A necessidade da modernização do marco regulatório das comunicações no País, defasado em relação aos avanços tecnológicos das últimas décadas, é absolutamente pacífica.
Mas a questão dos conteúdos diz respeito à liberdade de expressão e ao direito à informação, fundamentos de uma sociedade democrática e, nessa medida, intocáveis.
O trio da mordaça vai continuar mistificando a questão do controle social da mídia, que hoje prefere designar pelo nome mais charmoso de "democratização dos meios de comunicação".
Dirceu lamentou, durante o seminário, que não haja no País nenhum jornal "de esquerda" para apoiar o governo.
Talvez tivesse em mente algo monolítico, como o Pravda soviético ou o Granma cubano. Porque não basta a imprensa brasileira manifestar simpatia por algumas declarações e alguns atos da presidente Dilma. Isso, para o trio, é apenas um truque das "elites" para "dividir o PT".
04 de dezembro de 2011
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