A cúpula do PCdoB fez chegar ao Palácio do Planalto o seguinte aviso, em tom de ameaça: se Orlando Silva cair, o governador do DistritoFederal, Agnelo Queiroz (PT), será levado de roldão. Antigo partido de Agnelo, o PC do B não se conforma de pagar sozinho acara fatura que pode resultar na perda do Ministério do Esporte,justamente agora que a pasta passou de patinho feio a vitrine, por causa da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016. Preocupados com o agravamento da crise, dois ministros filiados ao PT conversaram com Orlando e pediram a ele que não esticasse a corda com Agnelo. Ao menos ontem, o apelo foi atendido: no depoimento à Câmara, o titular do Esporte não disse uma palavra que desse margem a interpretações negativas sobre a conduta do antecessor.
Na segunda-feira, ao se defender das denúncias, Orlando usou uma frase que deixou o governo apreensivo.Ao afirmar que Agnelo agira de “boa-fé” ao pedir para ele, então secretário executivo do Esporte,receber o policial João Dias Ferreira – hoje seu acusador –,o ministro lançou no ar uma suspeita. “Não quero crer que o governador de Brasília de hoje tivesse qualquer informação sobre a conduta dessa pessoa (João Dias)que fosse desabonadora”, insistiu Orlando. Furioso com o ex-comunista Agnelo, o PCdo B avalia agora que o PT trabalha para derrubar Orlando,em sintonia com o PMDB, de olho no orçamento do ministério da Copa.
Não é segredo, porém, que Dilma já não queria manter o titular do Esporte quando montouaequipe, mas o PCdoB cerrou fileiras em torno dele. Além disso, Orlando contou com um importante avalista: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Naquela ocasião, Dilma chegou a confidenciar que gostaria de chamar para a vaga a ex-prefeita de Olinda e hoje deputada Luciana Santos (PCdoB-PE).Por conveniências políticas, ela não pôde realizar seu desejo. Agora, ninguém sabe se Orlando resistirá até a reforma ministerial, prevista para janeiro de 2012. Nem se Luciana ainda está na mira de Dilma. (Do Estadão)
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