Estádios luxuosos e sem lugares populares tornarão o futebol nacional um lazer para os mais ricos
RAPHAEL RAMOS - O Estado de S.PauloTasso Marcelo/AE - 19/9/2011
Maracanã terá mais camarotes
"A elitização do público após a Copa é uma situação de causa e efeito que segue uma tendência quase que mundial no futebol globalizado de hoje", diz. "O que se busca é uma torcida mais expectadora do que participativa."
Ele cita o exemplo do Maracanã. O estádio que já chegou a receber mais de 183 mil pessoas teve sua capacidade reduzida para 86 mil espectadores após diversas obras de modernização. Para o Mundial, esse número diminuirá ainda mais: 76.500.
"Para onde vão esses quase 10 mil lugares que tiraram do estádio? Vão para camarotes e assentos maiores que a Fifa exigiu", afirma. "O futebol brasileiro vai ter de lidar com isso."
Marcos Alvito, antropólogo, professor da UFF (Universidade Federal Fluminense) e fundador da Associação Nacional dos Torcedores, destaca que um dos marcos desse processo de elitização do futebol brasileiro foi o fim da geral do Maracanã, em 2005.
"Foi desnecessário. O Maracanã deveria continuar como estava para os jogos nacionais e nos internacionais poderiam colocar cadeiras provisórias. Foi o que a Alemanha fez na Copa de 2006", diz.
Alvito também critica como o dinheiro público está sendo usado para o Mundial. Sua principal queixa é que os mais pobres estão pagando por estádios que não poderão usufruir depois.
"É um processo que eu chamo de Robin Hood ao contrário. Os estádios serão como shoppings, com lojas e restaurantes, já que se busca um público de maior poder aquisitivo", diz.
FONTE: ESTADÃO
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