segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Os brasileiros conformados com a vida não vivida agora se rendem à morte anunciada

O Orçamento da União reservou R$ 296,9 milhões para o programa de Prevenção e Preparação para Desastres Naturais, uma peça de ficção vinculada ao lastimavelmente real Ministério da Integração Nacional. A três meses do início da temporada de chuvas e inundações, ninguém viu a cor do dinheiro. Dos R$ 9 milhões prometidos ao Rio de Janeiro para 2011, por exemplo, nenhum centavo saiu do papel. Por falta de verba,  nenhuma obra preventiva abrandou o medo dos moradores da Região Serrana. Ainda recolhidos a abrigos improvisados nas cidades devastadas, os flagelados de janeiro aguardam a chegada da estação dos temporais com a angústia dos indefesos. Ninguém sabe que fim levaram as 6 mil casas anunciadas por Dilma Rousseff e Sérgio Cabral.
Foram mais de mil os soterrados e afogados há menos de um ano. E os que perderam parentes não se queixam. Outros tantos podem ser levados por inundações e deslizamentos de terra. E os marcados para morrer não protestam. Os brasileiros conformados com a vida mal vivida agora se rendem à morte anunciada. De novo, Dilma Rousseff e Sérgio Cabral vão assistir de longe à reedição do pesadelo. Enquanto as imagens do horror frequentarem as vitrines dos telejornais e as primeiras páginas, os comparsas capricharão na cara de choro, repetirão promessas que não serão cumpridas e lembrarão que, graças à harmonia entre os governos federal e estadual, o Rio se transformou numa Califórnia sul-americana, só que  com praias e mulheres mais bonitas.
Cúmplices por omissão da matança premeditada, Dilma e Cabral  não escapariam da ira das vítimas se o rebanho fosse menos obediente. Mas até os intelectuais cariocas, antes tão inclementes com nulidades e impostores, hoje  ajudam a manter em altitudes confortáveis a popularidade de uma dupla de farsantes. Multidões afundadas na pobreza aprenderam faz tempo a sofrer sem balidos. Os deserdados do Brasil vão agora aprendendo que devem ser gratos a seus algozes.
POR AUGUSTO NUNES
REV VEJA

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