O hacker da Dilma pode muito bem ser o hacker da Dilma. Um hacker que sai por aí para vender dados sigilosos da presidente para a oposição e, com isso, passar para o outro lado a fama de produtor de dossiês. Outra possibilidade é usar um factóide para buscar uma legislação que amordace a internet. A matéria abaixo é da Folha de São Paulo:
A pedido da presidente Dilma Rousseff, a Polícia Federal vai investigar o hacker que invadiu seu correio eletrônico pessoal durante a campanha eleitoral do ano passado e tentou vender um pacote de mensagens recebidas pela então candidata. Na manhã de ontem, Dilma reuniu-se com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, responsável pela PF, para discutir a investigação do episódio. A polícia começou logo cedo a debater uma estratégia para o caso. À tarde, o ministro divulgou nota anunciando que a PF irá abrir inquérito para apurar a "suposta invasão do correio eletrônico pessoal da presidenta Dilma Rousseff".
A Folha revelou ontem que as mensagens de Dilma foram violadas. O hacker, que disse se chamar "Douglas", está desempregado e mora em Taguatinga (DF), afirmou ter atacado o computador de Dilma e copiado cerca de 600 mensagens recebidas por ela. Um dos endereços eletrônicos que Dilma usava na época era do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha. Em conversa com assessores, a presidente Dilma disse não temer a divulgação do conteúdo dos e-mails. O que preocupa o governo é a possibilidade de uso político do material obtido pelo hacker.
Segundo a Folha apurou, o Palácio do Planalto teme que alguém acabe comprando os e-mails e possa incluir uma mensagem falsa no material, por exemplo. O governo não pretende confirmar a autenticidade dos e-mails enquanto a PF estiver debruçada sobre o caso, preferindo classificá-los como "supostas mensagens" obtidas "de forma criminosa" pelo hacker.
Ontem, o Diretório Nacional do PT confirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que havia identificado dois tipos de ataques em seu site em abril do ano passado, pouco antes do início da campanha eleitoral. O PT informou que, na madrugada de 12 de abril, hackers invadiram seu site e instalaram um programa que prejudicou o acesso ao portal. O programa teria permitido o acesso a dados de quem navegou na página do partido naquele período. Dois dias depois, um hacker modificou o layout da página do partido colocando no ar uma fotografia do ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB), que disputou com Dilma a eleição presidencial do ano passado.
Na época, ao perceber a invasão, o partido informou à PF e pediu providências. Ao mesmo tempo, os petistas contrataram técnicos para fazer uma limpeza nos seus computadores e orientaram os usuários do portal a fazer uma varredura em suas máquinas pessoais. Até hoje não se sabe o que a polícia descobriu ou se o episódio chegou a ser investigado. Procurada pela Folha para falar sobre os ataques sofridos pelo site do PT no ano passado, a polícia informou ontem que não se manifestaria.
Políticos reagiram ontem à violação das mensagens de Dilma cobrando medidas para regulamentar a internet e coibir a ação de hackers como o que invadiu o computador da então candidata. O vice-presidente Michel Temer cobrou uma ação do Congresso para definir punições mais severas contra hackers. "Eles invadem todo e qualquer site", disse. "O Congresso tem que se debruçar sobre esse tema e verificar de que maneira apenar aqueles que invadem os sites." O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), classificou o ataque como "absurdo" e defendeu uma regulamentação mais rigorosa para a internet. "É preciso uma punição maior para empresas [que não protegem o sigilo do cliente]"
DO COTRUNO NOTURNO
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