quinta-feira, 5 de maio de 2011

Se cobrir com lona, vira circo; se trancar a porta, vira hospício

Como é mesmo aquela máxima? Se cobrir com lona, vira circo; se trancar a porta, vira hospício. O PMDB, que congrega alguns potentados da ética nacional, convida, como se vê no post abaixo, os marqueteiros de Obama — justo de quem… — para que assistam a uma sessão de descarrego dos maus espíritos do autoritarismo. E tome cacete na imprensa! Coitados dos rapazes! Devem ter imaginado que a moça que fazia a tradução simultânea estava sofrendo  algum surto cerebral.

Sarney, cuja família tem no currículo a censura a um órgão de imprensa — via judicial, claro!—-, abriu o seminário do partido sobre “estratégias de comunicação”. Ele quer saber como preservar a liberdade de expressão, mas “sem desvirtuá-la”. Ah… Os EUA sabem como fazê-lo desde que existe a Primeira Emenda, senador! Os congressistas não podem nem mesmo legislar sobre matéria que diga respeito à liberdade de expressão.
Não! Aquele modelo não deve servir para Sarney. Nos EUA, este senhor não seria presidente do Senado pela 25ª vez. Aliás, ele e outros companheiros de partido já teriam sido eliminados da vida pública há muito tempo. Eu imagino um Renan Calheiros explicando à América qual era a sua relação com a mãe de um filho que teve fora do casamento, que ele chamava “a gestante…”.
Sarney e os peemedebistas, que acabaram de conduzir Calheiros ao Conselho de Ética do Senado, estão infelizes com o jornalismo. Segundo Sarney, “a mídia e seus instrumentos entram e dizem: ‘Não, nós passamos a representar o povo’”. Haaannn… Sarney acredita que os políticos têm, vejam vocês, de disputar espaço com a “mídia” para saber quem representa a “opinião pública”. Nosferatu não sabe que políticos agem por delegação dos eleitores e, de fato, “representam”… os eleitores!, não a opinião públicaa; a imprensa é um dos instrumentos — não o único — de que dispõem os indivíduos e a sociedade para vigiar o exercício do poder; inclusive para avaliar se o representante, de fato, representa…
Sérgio Cabral era um dos presentes ao seminário. Como sabem, é um homem implacavelmente perseguido pela imprensa, certo? Afirmou: “O nosso problema é como o PMDB, o maior partido do Brasil, dialoga com a sociedade. Cada vez mais, a sociedade demanda informações que a mídia tradicional não é capaz de atender.”
Ah, essa mídia tradicional! A propósito, governador: o que é uma “mídia não-tradicional”? Convenham: até a assessoria de imprensa é mídia tradicional. Vai ver a não-tradicional é a assessoria disfarçada de jornalismo.
Por Reinaldo Azevedo

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