domingo, 8 de maio de 2011

Em convenção, lideranças do PSDB negam crise no partido

José Serra admitiu que 'há problemas', mas que 'não há disputa no diretório'.


Geraldo Alckmin disse que não há retaliação a quem quer deixar legenda.


Durante convenção para eleger a executiva estadual do PSDB em São Paulo, as principais lideranças do partido negaram que haja uma crise interna.
José Serra e Geraldo Alckmin são cercados por correligionários ao chegarem juntos na convenção estadual do PSDB neste sábado   (Foto: Marcelo Mora/G1)José Serra e Geraldo Alckmin são cercados por correligionários ao chegarem juntos na convenção estadual do PSDB neste sábado (Foto: Marcelo Mora/G1)
Em abril, seis vereadores deixaram o PSDB de São Paulo por divergências com o diretório municipal. Líderes importantes do DEM também anunciaram a saída do partido, como o presidente de honra, Jorge Bornhausen; seu filho, o vice-presidente nacional do DEM, deputado federal Paulo Bornhausen (SC); e o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo. Os dois últimos devem migrar com o recém-anunciado Partido Social Democrático (PSD), do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
Como tentativa de demonstrar união, Alckmin e Serra chegaram juntos à convenção, que acontece na Assembleia Legislativa de São Paulo. No momento da chegada, tocou a música "Eu quero apenas", de Roberto Carlos, cujo refrão é "Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar".
"Essa é a convenção mais animada do PSDB. Tem muita gente entrando no PSDB, muitas lideranças novas. E o partido vai estar unido para servir ao Brasil, para trabalhar pelo povo brasileiro. (...) Essas disputas da executiva, é uma briga danada para entrar na executiva. Depois, nao dá quórum nas plenárias, o pessoal não aparece nas reuniões. Precisa ter paciência. O que é importante é o sentimento do partido, extremamente animado", disse Geraldo Alckmin.
Governador de São Paulo participa de convenção partidária (Foto: Marcelo Mora/G1)
Governador de São Paulo participa de convenção
partidária (Foto: Marcelo Mora/G1)
Alckmin negou que haja ameaças a prefeitos que externaram desejo de deixar o partido. "É uma mentira deslavada. Nós trabalhamos com prefeitos de todos os municipios do estado, independente de filiação partidária. (...) Quem quiser sair pode sair. A liberdade é total. A escolha partidária é opção pessoal de cada um."
Durante o discurso, Alckmin falou sobre uma suposta ação para acabar com a oposição e citou Mário Covas. "Não é fácil fazer oposição em um país em que a política é governista. Onde a política se faz embaixo, sob o aparelho do estado, como um carrapato. E ainda querem nos responsabilizar pela crise da oposição. É inacreditável. Uma ação para dizimar as oposições, destruir o DEM, enfraquecer o PPS, enfraquecer o PSDB onde ele é mais forte, que é em São Paulo. E ainda querem nos responsabilizar: 'São os tucanos que não entendem'. É inacreditável demais. Nós não vamos deixar que mudem a opinião pública. Nós temos o dever de defender o PSDB e dizer a verdade para as pessoas. Mário Covas dizia: 'O povo não erra. Ele precisa ter todas as informações e é nosso dever levá-las ao povo'. Não há crise no PSDB. O que há é um partido resistindo para fazer oposição maiúscula", disse.
José Serra minimizou a saída de vereadores do partido. "Foi um episódio localizado o encaminhamento dessas pessoas no diretorio da capital. É normal na vida partidária que existam desentendimentos e desenlaces desse tipo."
Para Serra, o PSDB "chega para essa convenção muito forte". "O PSDB tem sido um partido vitorioso. Ganhamos a eleição [estadual] de 2006 no segundo turno e a de 2010 no primeiro turno. Elegemos muitos prefeitos. É um partido forte e vai sair dessa convenção com mais força ainda."
Durante o discurso, Serra admitiu a existência de problemas, mas minimizou a questão. "Há problemas sim. Temos que admitir. Qual é o problema? Não é a disputa no diretório. A questão básica é o PSDB honrar os milhões de votos que recebeu no Brasil inteiro nas eleições de 2010. O que eles [eleitores] querem é que nós saibamos fazer oposição. A qualidade da administração do Brasil depende da qualidade da oposição. Temos de aprender a defender as nossas ideias. As mesmas que levamos na campanha eleitoral. Cadê o PSDB como um todo defendendo essas ideias? É isso que está faltando. O principal risco da oposição é perder tempo com embates menores. A 'futrica' só serve aos adversários. Só desanima aos idealistas", afirmou.
Fusão
O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PSDB-PR), disse, ao chegar para a convenção do PSDB paulista, que uma eventual fusão entre seu partido e o Democratas (DEM) "não é o caminho" para as duas legendas, que vêm enfrentando baixas nos últimos meses.

"Não creio que a fusão com o DEM seja o caminho. Não podemos pensar apenas em projeto eleitoral e acrescentar mais pessoas ao partido. O DEM nasceu do partido da frente liberal, defende o liberalismo. O PSDB é social-democrata. Como vamos explicar ao povo brasileiro que estamos reunindo numa única sigla duas facções políticas programaticamente diferentes? Pessoalmente, eu não concordo com a fusao", disse Dias.
Para Dias, as baixas do PSDB de São Paulo são "caso isolado". "Estão maximizando algumas poucas defecções. Nao há ninguém importante do partido saindo no Brasil. Pelo contrário, São Paulo é um caso isolado. O PSD é uma janela aberta, pode abrir para pessoas que se sentem desconfortáveis em outros partidos. O Brasil não precisa de novas siglas, aliás já temos siglas demais. Temos que criar partidos com identidade programática de verdade. E eu entendo que o PSD não seja uma lição em matéria de identidade programática."
O senador pelo PSDB de São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira, chegou um pouco depois do colega Álvaro Dias à convenção. Ele diz não ver crise em seu partido.
"Sinceramente não estou vendo crise partidária aqui não. Pelo contrário, é uma convenção forte, com muita participação. Evidentemente, você tem disputas de pessoas que querem aquele ou esse cargo. Mas isso, de modo algum, abala a unidade do partido. Nós somos a principal força política organizada do país. E isso não é discurso, são as urnas que vêm dizendo ao longo dos anos."
Sobre uma eventual fusão com o DEM, Aloysio Nunes disse que "se houver, será um processo de aproximação pela base e pela formulação de um programa comum". Garantiu ainda que, nas eleições municipais, PSDB e DEM vão procurar candidatos de consenso para que os partidos saiam fortalecidos.
Delegados do PSDB na convenção estadual da legenda (Foto: Marcelo Mora / G1)
Delegados do PSDB na convenção estadual da
legenda (Foto: Marcelo Mora / G1)
Convenção
Na convenção do PSDB paulista, que aconteceu na Assembleia Legislativa do estado durante este sábado, cerca de 3,2 mil delegados elegeram os 105 componentes do diretório estadual.

Os 105 componentes do atual diretório elegeram o deputado estadual Pedro Tobias para o comando da executiva estadual. Mas eles deixaram para quinta-feira (12) a escolha dos outros membros da executiva como 1º, 2º e 3º vice-presidentes; secretário-geral; secretário adjunto; tesoureiro; e tesoureiro adjunto - , seis vogais (que participam da coordenação da legenda em questões específicas) e três suplentes.
Havia acordo entre José Serra, que tem a seu lado os deputados federais tucanos, e Geraldo Alckmin, que lidera a bancada estadual, para que fosse eleito para o comando da executiva o deputado estadual Pedro Tobias, aliado de Alckmin, e como secretário geral o deputado federal Vaz de Lima, aliado de Serra. No entanto, o atual secretário-geral, César Gontijo, se candidatou à reeleição, causando uma divergência entre as lideranças.
DO BLOG DO WELBI

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