sábado, 23 de maio de 2020
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
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Ao justificar por que libertou a divulgação, na íntegra, do famoso vídeo
da reunião ministerial da 22 de abril de 2020, Celso de Mello justificou: “Ninguém
está acima da lei”. Só faltou o supremo decano lembrar que a máxima também vale
para quem se considera “deus” no poderoso cargo de ministro do Supremo Tribunal
Federal. Os seguidores do Presidente deviam erguer uma estátua ao togado que se
aposenta em novembro, porque a “revelação” só beneficiou a habitual linha
bolsonarista de discurso. Nada adiantou a Renata Vasconcellos contabilizar, no Jornal
Nacional, que Bolsonaro falou 29 palavrões em 2h de reunião...
“A Farsa foi desmontada” – como declarou Bolsonaro, no que se refere à
denúncia vazia de Sérgio Moro sobre interferência do Presidente na Polícia
Federal. Só que, na narrativa da “Rede Funerária” & afins na extrema mídia,
o vídeo teria revelado “muito mais”... (KKKKK – royalties para a risada
irônica do lendário jornalista Hélio Fernandes, irmão do humorista Millôr)... A
revelação integral da reunião apenas expôs um “Bolsonaro como ele é”. A
Procuradoria Geral da República agora vai analisar a peça e os depoimentos dos
envolvidos, para oferecer ou não denúncia contra Bolsonaro.
Fora o texto em juridiquês empolado, justificando por que liberava o vídeo
integral da reunião ministerial, mais cedo, Celso de Mello tinha “colocado fogo
no parquinho” que é palco da guerra de todos contra todos. O ministro repassou
à PGR três pedidos de partidos políticos e parlamentares solicitando a
apreensão dos smartphones do Presidente Bolsonaro e de seu filho Carlos. Fala
sério. O certo seria recusar tais pedidos e advertir os políticos que o foro
correto para qualquer pedido é a PGR, já que o Supremo Tribunal Federal é
guardião da Constituição, e não uma
repartição do Ministério Público Federal que tem a função de oferecer ou não
denúncias ao Judiciário, a partir de inquéritos abertos pela Polícia Federal.
Vale perguntar? Celso de Mello é decano do STF ou é membro veterano do
STF? Fala sério... Não cabe a ele apresentar ao PGR, mesmo indiretamente,
notícias-crimes de partidos ou parlamentares. STF é STF – não é PGR... Ou será
que é? Os opositores de Bolsonaro é que precisam aprender a fazer oposição. E o
STF precisa deixar institucionalmente claro se realmente é legítimo que a Corte
comande inquéritos (papel constitucional exclusivo da Polícia Judiciária e do
MPF). O tal inquérito que investiga manifestações contra o STF é uma jabuticaba
institucional.
Mais tarde, no que os piadistas da Internet chamaram de “programa Celsão
da Tarde”, o gabinete do ministro Celso de Mello soltou uma nota
esclarecendo a polêmica sobre apreensão de celular: “O relator do inquérito
4.831/DF, Ministro Celso de Mello, não determinou referida medida cautelar,
pois limitou-se a meramente encaminhar ao Procurador-Geral da República, que é
órgão da acusação, a notitia criminis, com esse pleito de apreensão”. Repetimos:
o correto seria rejeitar o pleito dos parlamentares, reiterando que o STF não
era foro para aquela denúncia. No fundo, Mello preferiu botar fogo no
parquinho...
A atitude de Celso de Mello provocou a ira do ministro-chefe do Gabinete
de Segurança Institucional da Presidência da República. O General Augusto
Heleno Pereira soltou uma “Nota à Nação Brasileira”: “O pedido de apreensão do
celular do Presidente da República é inconcebível e, até certo ponto,
inacreditável. Caso se efetivasse seria uma afronta à autoridade máxima do
Poder Executivo e uma interferência inadmissível de outro poder, na privacidade
do Presidente da República e na segurança institucional do País. O Gabinete de
Segurança Institucional da Presidência da República alerta as autoridades
constituídas que tal atitude é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia
entre os poderes e poderá ter conseqüências imprevisíveis para a estabilidade
nacional”.
Bolsonaro replicou, no Twitter, a nota de Heleno... Centenas de milhares
de curtidas... No retorno à tradicional portaria-parlamento do Palácio da
Alvorada, na entrevista com 54 minutos de duração, o Presidente avisou que não
entrega o celular de jeito nenhum: “Só se eu fosse um rato”. Aproveitou para
advertir: “Só duas coisas me tiram da minha cadeira: Deus e o povo”. Também
previu para os jornalistas presentes: “Se o Brasil decolar todo mundo vai ser
mais feliz. Vai entrar dinheiro em tv e rádio”...
Os esplanaldinos alopraram... A oposição pirou... Togados indiscretos deram
faniquitos, em off, para seus mensalinos amestrados da extrema mídia de
canhota... No entanto, recomendamos calma, pessoal... Não vai ter golpe
militar... A rosnada do flamenguista Heleno não era apenas para a torcida do
Vasco da Gama, do Fluminense ou do Botafogo... Tinha endereço líquido e
certo... Os interessados entenderam... Do jeito que o Brasil está, na crise
pós-coronavírus, é bom que todo mundo fique muito preocupado...
Em Curitiba, algo replicável aconteceu ontem. Um bando promoveu um
arrastão em um restaurante bacana. Os “bandidos” queriam jóia, dinheiro ou
celular de quem comia no local. Apenas carregaram tudo que fosse comestível...
Os marginais queriam comida...
Ao ler a notícia em seu celular-pai-de-santo, o implacável Negão da
Chatuba pensou alto e entrou rasgando:
- Imagina se a massa ignara resolve atacar aquele lugar em que sobram
camarões, lagostas, carne de primeira, bebidas finas e outros petiscos caríssimos
que matam a fome dos deuses do poder?
Quem sabe, no Brasil, algum dia, alguém, realmente, não esteja acima da
lei?
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