Postado em 01/mar/2019
“Ficou muito claro que o
presidente Bolsonaro ainda não se elevou à altura do cargo que ocupa”,
afirmou Ilona Szabó, que foi convidada por Moro para integrar, como
suplente, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, mas
foi desconvidada um dia depois à sua nomeação, após pressão de
bolsonaristas e grupos como o MBL; “São grupos que precisam de inimigos,
e por isso não estão comprometidos com o debate democrático”,
enfatizou.
“O ministro Sérgio Moro me ligou de volta. Dado o clima, eu sabia que
o risco existia. O ministro me pediu desculpas. Disse que ele
lamentava, mas estava sendo pressionado, porque o presidente Bolsonaro
não sustentava a escolha na base dele”, contou Ilona Szabó, ao relatar
como ficou sabendo da sua exoneração.
Ilona foi convidada por Moro para integrar, como suplente, o Conselho
Nacional de Política Criminal e Penitenciária. Mas por conta de suas
críticas a política de armas do governo, ela foi desconvidada um dia
depois a sua nomeação, após pressão de bolsonaristas e grupos como o
MBL.
“Hoje começaram os comentários nas redes sociais. Foi a polêmica do
dia. Colocaram a história na rede, e o Movimento Brasil Livre ajudou a
reverberar. São grupos que precisam de inimigos, e por isso não estão
comprometidos com o debate democrático”, afirmou Ilona em entrevista ao
jornal O Estado de S. Paulo.
Na entrevista, a cientista disse que, assim como ela, vários
integrantes do Igarapé – instituto que ela fundou – participam de
conselhos na área de segurança em vários Estados e municípios. “Em
geral, ministros e secretários têm toda a liberdade para escolher
conselheiros. Tais conselheiros costumam vir de todos os setores, com
visões diferentes, diversas maneiras de ver o mundo. Dá trabalho, mas é
assim que a gente constrói boas políticas públicas”, disse ela,
apontando a ingerência anormal do governo Bolsonaro.
Questionada se a sua exoneração poderia ser comparada com o caso de
Mozart Araújo, outro nome técnico, que acabou sendo desconvidado do
Ministério da Educação por pressão da base de Bolsonaro, Ilona disse que
sim.
“Vejo total paralelo. Nos dois casos, ganha a polarização e perde o
Brasil”, disse. “Ficou muito claro nos dois episódios que o presidente
Bolsonaro ainda não se elevou à altura do cargo que ocupa. Um presidente
tem que construir diálogos e consensos. Quando ele diz que quem pensa
diferente é inimigo, mostra que não está à altura do País. Acho que os
brasileiros estão cansados disso. Uma prova é todas as mensagens de
apoio que recebi quando decidi ir para o governo, muitas delas de gente
que votou contra o Bolsonaro. Os brasileiros querem gente que pense no
País, não gente que fica procurando inimigos”, completou.DO P.MAIS
Nenhum comentário:
Postar um comentário