domingo, 18 de novembro de 2018

“Mais Brasil e (muito, mas muito) menos Brasília”

domingo, 18 de novembro de 2018


Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Membro do Comitê Executivo do
Movimento Avança Brasil
Jair Bolsonaro, inspirado por seu guru econômico Paulo Guedes, disseminou, na  campanha presidencial, o lema “Mais Brasil e Menos Brasília”. Seu significado básico é descentralizar o poder. Vencida a eleição, o desafio é colocar o princípio na prática, a partir de um amplo debate. É aí que tudo complica. A discussão corre risco de se perder em factóides ou em supostas “soluções” baseadas em conceitos errados e interpretações equivocadas dos fatos.
Nossa árdua tarefa diária de coletar temas para prover um debate qualificado sobre os grandes problemas nacionais não é muito tranquila. Por isso, selecionamos alguns assuntos que merecem um cuidado especial, para que os eleitos Jair Bolsonaro e Antônio Mourão não permitam discussões fúteis, nem sejam induzidos a raciocínios incorretos, gerando decisões desastrosas para um governo comprometido com mudanças estruturais. Queremos contribuir com a pauta republicana do Projeto Político apresentado por Bolsonaro e Mourão. Divirtam-se...
1. A Previdência Social no Brasil é pilhada da mesma forma como no escândalo do Petrolão.
O Senado da República instalou uma CPI da Previdência, que apresentou seu relatório final em outubro 2017. No relatório do Senador Hélio José, ficou destacado o mais profundo “amadorismo criminoso” na gestão dos recursos da previdência brasileira. Conforme o texto do Senador: “É importante destacar que a previdência social brasileira não é deficitária. Ela sofre com a conjunção de uma renitente má gestão por parte do governo, que, durante décadas: retirou dinheiro do sistema para utilização em projetos e interesses próprios e alheios ao escopo da previdência; protegeu empresas devedoras, aplicando uma série de programas de perdão de dívidas e mesmo ignorando a lei para que empresas devedoras continuassem a participar de programas de empréstimos e benefícios fiscais e creditícios ...”. Eis o Hélio José em seu relatório...
Essa mesma CPI constatou que grandes empresas descontam a contribuição previdenciária de seus trabalhadores e não a recolhem. Ou seja, um crime federal bilionário. Um conjunto de empresas devem mais de R$ 450 BILHÕES para a Previdência. Dinheiro que não lhes pertence... Estamos falando do maior crime financeiro praticado diretamente contra as famílias brasileiras. E esses criminosos recebem indultos e são perdoados sistematicamente pelas corruptas autoridades encarregadas da gestão das políticas púbicas no Brasil. Entre os ilustres sonegadores, grandes bancos e empresas de comunicação...
Talvez a única salvação da população brasileira para a questão da Previdência não seja a tal “Reforma”, mas sim uma atuação competente do futuro Ministro da Justiça, Sérgio Moro. Para a Previdência brasileira ser protegida e saneada contra todas as práticas criminosas praticadas contra ela até agora, precisamos eliminar todos os privilégios e regalias existentes, restabelecendo os limites previstos na nossa própria Constituição. É cumprir a Lei e fazer cobrança,  punindo infratores. Eis a prioridade... Depois de cumprida a tarefa básica, falamos de reforma...
2. As Raposas gerenciando o Galinheiro
O tão proclamado AGRONEGÓCIO BRASILEIRO, que tanto tem feito pela economia de nosso País, não precisa apenas de um Ministro da Agricultura com representação parlamentar. Esse mesmo AGRONEGÓCIO é espoliado pelo nosso medieval sistema bancário. O mais concentrado e perverso sistema financeiro do planeta.
O nosso AGRONEGÓCIO só se protegeu desta crise econômica que o Brasil está mergulhado graças ao cooperativismo de crédito. Esse mesmo cooperativismo que foi perseguido por todos os ministros da fazenda e presidentes do Banco Central, todos apadrinhados pelos mesmos famigerados bancos que devem alguns bilhões de reais à Previdência e usam artimanhas jurídico-administrativas para não pagar o que é devido.
O ex-Ministro-Banqueiro Henrique Meireles determinou que as cooperativas de crédito, que sustentam o agronegócio, pagassem IOF, pois isso igualaria a concorrência com os Bancos. Meirelles alegou estar corrigindo uma distorção. Banco brasileiro sendo protegido da concorrência das cooperativas de crédito: piada criminosa de presidenciável derrotado e sem noção...
Como já indicamos em outros textos, em todos os países desenvolvidos, é o cooperativismo de crédito que irriga as micro, pequenas e médias empresas no seu dia-a-dia financeiro. A capilaridade para esses negócios, que são os maiores geradores de emprego, vem das cooperativas de crédito e não de bancos – que adoram lucrar com juros extorsivos e tarifas caríssimas para liberar crédito produtivo.
O retorno de figuras do passado e a manutenção de alguns dirigentes no alto escalão da República sinalizam para a sociedade que certas práticas equivocadas e lesivas ao povo brasileiro poderão continuar...
Bolsonaro e Mourão, o nosso Banco Central precisa ter em sua estrutura departamentos inteiros voltados para a promoção de práticas e políticas específicas para o cooperativismo de crédito. O BNDES poderia ter na sua Presidência, um profissional com experiência em cooperativismo de crédito.
O cooperativismo de crédito pode ser o mais qualificado aliado das políticas econômicas do próximo governo. Essas cooperativas já representam 8% do PIB financeiro brasileiro. Os grandes bancos, inclusive os estatais, não as querem como concorrentes...
Até agora, nenhuma única manifestação foi feita pelos futuros governantes e por seu Super Ministro da Economia, em apoio ao cooperativismo de crédito. Não parece um péssimo presságio?
3. Empresas Corruptas devem ser banidas definitivamente de contratos com o setor público
Uma regra de ouro precisa ser adotada. Empresas e empresários condenados por corrupção não podem mais continuar participando de licitações e prestando serviços ao poder público. A mesma regra vale para os sonegadores sistemáticos de impostos.
Existem milhares de empresas que são honestas, e esses empresários não conseguem prestar serviços à sociedade brasileira porque o poder público acaba caindo nas garras da corrupção... Por aqui, só empresas e empresários corruptos se perpetuam nos contratos públicos. Isso sinaliza a todos os demais empresários e empresas que “ser criminoso no Brasil é o que compensa”.
É preciso punir rigorosamente a corrupção. As empresas e empresários condenados devem ser banidos de todo e qualquer negócio com o setor público. Definitivamente...
A economia brasileira tem potencial para decolar rapidinho. O novo governo só não tem o direito de repetir erros primários do passado, escalando no time gente identificada com a mesmice...
Cuidado... Porque daqui a pouco o Michel Temer vai conseguir vender a idéia de que o próximo governo é uma “continuidade” do dele...

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