sexta-feira, 14 de setembro de 2018
O roteiro, desde sempre, prevê que a
esquerda fique no papel de vítima e Lula no de mártir, “proibido” de se
candidatar e “perseguido” pela Justiça. Deu o contrário: a vítima acabou
sendo justamente quem estava escalado para o papel de carrasco. Coluna de J. R. Guzzo, publicada na edição de Veja que chega às bancas neste final de semana:
Está sendo executado já há algum tempo no Brasil, de forma cada vez
mais agressiva, um conjunto de ações que têm tido um efeito prático
muito claro: tumultuar, desmoralizar e, no fim das contas, sabotar as
eleições para escolher o novo presidente da República. O cidadão é
alarmado, de cinco em cinco minutos, por bulas de advertência que
afirmam que a eleição, a democracia e a Constituição estão sendo
ameaçadas. Mas, por trás das notas oficiais e das outras mentiras
prontas que são normalmente utilizadas para enganar o brasileiro comum,
quem está realmente querendo destruir as eleições de outubro? Uma coisa é
certa, segundo se pode verificar pelos fatos à vista do público: não
são os generais do Exército, sejam eles da reserva ou da ativa, ou os
oficiais de quaisquer das três Armas. A turma que quer virar a mesa,
hoje, está exatamente do outro lado. Eles gritam “cuidado com o golpe”,
com a “pregação do ódio”, com o “discurso totalitário” etc. etc. Mas
parecem cada vez mais com o batedor de carteira que, para disfarçar o
que fez, sai gritando “pega ladrão”.
É impossível cometer uma violência tão espetacular numa campanha
eleitoral quanto a tentativa de assassinato praticada contra o candidato
Jair Bolsonaro — mais que isso, só matando. O homem perdeu quase metade
do sangue do próprio corpo. A faca do criminoso rasgou seus intestinos,
o cólon, artérias vitais. Bolsonaro sofreu cirurgia extensa, demorada e
altamente arriscada, e passará por outras. Só está vivo por um capricho
da fortuna. Foi posto para fora da campanha eleitoral justo no momento
mais decisivo. Poderia haver alguma agressão maior ou pior do que essa
contra um candidato? É claro que não. O fato é que a tentativa de
homicídio, cometida por um cidadão que foi militante durante sete anos
da extrema esquerda, como membro do PSOL, desarrumou todo o programa
contra a boa ordem da eleição presidencial. O roteiro, desde sempre,
prevê que a esquerda fique no papel de vítima e Lula no de mártir,
“proibido” de se candidatar e “perseguido” pela Justiça. Deu o
contrário: a vítima acabou sendo justamente quem estava escalado para o
papel de carrasco.
A opção da esquerda para enfrentar a nova realidade parece estar
sendo “dobrar a meta”. Nada representa com tanta clareza essa
radicalização quanto o esforço para fazer com que as pessoas acreditem
que a tentativa de matar Bolsonaro foi apenas um incidente de campanha,
“um atentado a mais”, coisa de um doidão que podia fazer o mesmo com
“qualquer um” — na verdade uma coisa até natural, diante da “pregação da
violência” na campanha. Ninguém foi tão longe nessa trilha quanto a
responsável por uma “Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão”,
repartição pública que você sustenta na Procuradoria-Geral da República.
Depois de demorar quatro dias inteiros para abrir a boca sobre o crime,
a procuradora Deborah Duprat soltou uma nota encampando a história de
que houve “mais um ataque”. E quais foram os outros? Segundo a
procuradora, o “tiro” que teria sido disparado meses atrás na lataria
inferior de um ônibus no qual Lula circulava tentando fazer campanha no
Paraná, escorraçado de um lado para outro pelos paranaenses.
Que tiro foi esse? Tudo o que se tem até agora a respeito, em termos
de provas materiais, é um buraco na carroceria do ônibus — não há arma,
não há autor, não há testemunha, não há nada. Mas a procuradora acha que
isso é a mesma coisa que a agressão que quase matou Jair Bolsonaro.
Acha também que a história se “conecta” com o assassinato da vereadora
carioca Marielle Franco — vítima, possivelmente, de um acerto de contas
entre criminosos. Enfim, joga a culpa da facada no próprio Bolsonaro,
por elogiar “o passado ditatorial” do Brasil e ser contra as “políticas
de direitos humanos”. Não chega nem a ser uma boa mentira — é apenas
má-fé, como a “ordem da ONU” para o Brasil deixar Lula ser candidato,
ressuscitada mais uma vez. Se há um país que está em dia com as suas
obrigações junto à ONU, esse país é o Brasil. Acaba de cumprir, entre
2004 e 2017, treze anos de missão de paz no Haiti, em que participaram
38 000 militares brasileiros — dos quais 25 morreram. Seu desempenho foi
aplaudido como exemplar; não houve um único caso de violência ou
desrespeito aos direitos humanos de ninguém, do começo ao fim da
operação. Mas o Complexo Lula-PT-esquerda prega que o Brasil é um país
“fora da lei” internacional, por não obedecer a dois consultores de um
comitê da ONU que decidiram anular a Lei da Ficha Limpa. Estão,
realmente, apostando tudo na desordem.DO .O.TAMBOSI
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