sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Como perder uma eleição quase ganha

sexta-feira, 14 de setembro de 2018


Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
O próximo Presidente da República, seja ele quem for, terá de lidar com a impaciência e o radicalismo do eleitorado que exige soluções imediatas para problemas estruturais historicamente acumulados. O eleito (em 7 ou 28 de outubro) terá de trabalhar pela pacificação da sociedade, praticando a arte do diálogo. Outra missão inadiável será a implantação de mudanças estruturais no sistema estatal – que precisam ir além de meras reformas.
Até agora, quem desponta como favorito é o paciente Jair Bolsonaro – que segue no “Hospital de Campanha” Albert Einstein, recuperando-se das conseqüências da facada sofrida dia 6 de setembro em Juiz de Fora (MG). Bolsonaro segue melhorando. O que parece ir piorando é a qualidade da campanha dele. O comando dela precisa ser pacificado. Os filhos de Bolsonaro e alguns coordenadores andam batendo cabeça com o time do candidato a vice, o General Hamilton Mourão.
O núcleo duro da campanha de Bolsonaro precisa se entender urgentemente. Se as brigas internas prosseguirem, vazando para o público, a imagem geral transmitida provocará uma perigosa dúvida: como é que os neófitos em política vão administrar o dia-a-dia do País, se não conseguem um mínimo consenso entre eles? No Twitter oficial de Bolsonaro, os filhos negam qualquer desentendimento: “Muita coisa vem sendo falada na tentativa de nos dividir e, consequentemente, nos enfraquecer. Não caiam nessa! Não há divisão!”.
Novos quadros políticos devem se apresentar na linha de frente. Todos com qualificação evidente para demonstrar o quanto a equipe de Bolsonaro tem de preparo para governar o Brasil. O General Mourão merece mais destaque. O equilíbrio dele tem derrotado o radicalismo dos adversários. A resposta dele ao Ciro Gomes foi nota 10. Mourão tem mantido o alto nível e ironizado o golpe marketeiro que tenta reforçar o estereótipo do militar/truculento/”jumento”.
Quem defende uma maior participação de Mourão na linha de frente da campanha é o Major Olímpio. O candidato ao Senado por SP avalia que Mourão deve ocupar o lugar de Bolsonaro, inclusive, nos debates: “Não é representar. O Jair Bolsonaro está impossibilitado fisicamente de participar. Houve disposição do general Mourão de substituir, o que no meu entendimento seria muito bom para o Jair Bolsonaro ter alguém falando das suas propostas”.
Os dirigentes do PSL, no entanto, não desejam dar mais espaço a Mourão, que é filiado ao PRTB do Levy Fidélix – um dos grandes articuladores a favor de Bolsonaro. Esse é um erro tão bobo, porém fatal, quanto insistir naquela foto em que o paciente simula dar uns tiros. O melhor seria apagar essa idéia, e mostrar Bolsonaro posando, sorrindo, com a mulher Michelle e seus filhos.    
Bolsonaro só perde a eleição para ele mesmo ou para uma falha gritante de sua equipe. A prioridade máxima de Bolsonaro é se recuperar. Mas tal processo será mais demorado que o esperado pela ansiedade e necessidade de fazer campanha. Nada adianta um Bolsonaro/Tancredo Neves – que ganha a eleição, porém não toma posse porque morre antes.
Por isso, Bolsonaro tem de descentralizar as decisões imediatas de campanha. Até porque deve ficar internado por mais 10 ou 15 dias. A campanha não pode ficar na UTI... A ausência física de Bolsonaro, sobretudo nas campanhas na rua, faz falta... Assim, não há espaço para erros...
Perder uma eleição quase ganha é muito fácil... Extremamente fácil...

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