PF investiga se o valor foi repassado pelo Coronel Lima ao presidente Michel Temer. Defesa do coronel nega qualquer ato ilícito, e a de Temer nega qualquer participação dele na celebração de contrato entre duas empresas privadas.
Por Patricia Falcoski, Jornal Nacional, São Paulo
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nova testemunha prestou depoimento no inquérito que apura se um decreto
presidencial beneficiou empresas do setor de portos, em troca de
propina. Essa testemunha contou que o Coronel Lima, amigo de Michel
Temer, recebeu propina em um contrato no Aeroporto de Brasília.
O depoimento foi na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, no dia 13 de julho.
O empresário Marcelo Castanho, dono da Alumi, uma empresa de
publicidade, foi ouvido pelo delegado Cleyber Malta Lopes, responsável
pelo inquérito que apura se empresas do setor portuário pagaram propina
em troca de um decreto do presidente Michel Temer, no ano passado.
Castanho afirmou à PF que na negociação para explorar a área do
Aeroporto de Brasília com publicidade, em 2014, pagou R$ 1 milhão a uma
empresa do coronel João Batista Lima Filho, ex-assessor e amigo de Temer
há mais de 30 anos.
No depoimento, Castanho explicou que fez uma parceria com o empresário
Rodrigo Castro Neves, porque ele era próximo de José Antunes Sobrinho,
na época presidente da Inframerica - responsável pelo aeroporto.
Ele contou que "quando tudo já estava acertado, em setembro de 2014",
Rodrigo Neves comunicou que havia uma mudança no pagamento. Disse ainda
que R$ 1 milhão deveriam ser pagos para a Argeplan, de acordo com
orientação do próprio presidente da Inframerica.
O coronel João Lima Batista é um dos sócios da Argeplan.
No depoimento, Castanho disse que não faria nenhum pagamento sem nota fiscal ou um contrato que justificasse esse dinheiro.
E que, dias depois, recebeu um e-mail com a orientação do presidente da
Inframerica de que deveria resolver esse problema com o "Doutor Lima".
Castanho contou à PF que, quando recebeu o contrato, ele estava em nome
de outra empresa, a PDA - Projeto e Direção Arquitetônica e não em nome
da Argeplan. A PDA pertence ao Coronel Lima e à mulher dele, Maria Rita
Fratezi.
Castanho disse ainda que nunca encontrou pessoalmente o Coronel Lima,
mas que conversaram por telefone sobre o pagamento e o contrato com a
PDA.
O Jornal Nacional teve acesso a troca de e-mails que Castanho entregou à
Polícia Federal. Em um deles o Coronel Lima cobra o presidente da
Inframerica:
"Alguém precisa entrar em contato comigo ou com a arquiteta Rita Fratezi para acertar a formatação do contrato", disse.
Segundo Castanho, a PDA chegou a fazer um projeto - mas que não foi
usado, por ter sido entregue depois que os painéis de publicidade já
estavam instalados.
O JN também teve acesso aos pagamentos da Alumi para a PDA, um de R$
469 mil e o outro no valor de R$ 622 mil. Castanho disse que se "não
fosse a exigência" da Inframerica, nunca teria contratado a PDA", e que
não sabe pra onde foi o dinheiro que pagou a Lima.
A Polícia Federal investiga se o valor de um R$ 1 milhão foi repassado pelo Coronel Lima ao presidente Michel Temer.
O coronel é um dos investigados no inquérito dos portos, e chegou a ser
preso em março deste ano. A PF suspeita que ele seja um operador de
propina do presidente Temer.
A defesa de Temer nega qualquer participação dele na celebração de contrato entre duas empresas privadas.
João Batista Lima Filho e Maria Rita Fratezi refutaram veementemente
todas as acusações e afirmaram que não cometeram qualquer ato ilícito.
A defesa de José Antunes Sobrinho declarou que ele já prestou esclarecimentos sobre o caso às autoridades.
A Inframérica declarou que tem um contrato de cessão de espaço com a
empresa Alumi, mas que nunca contratou a PDA e nega as alegações e que
pauta sua atuação de forma ética e com estrito cumprimento das leis.
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