terça-feira, 28 de agosto de 2018
Waldemar Costa Neto: velho companheiro. |
Razão tinha o poeta Drummond, quando dizia que uma eleição é feita para
corrigir o erro do pleito anterior, mesmo que o agrave. Coluna de José
Casado, via O Globo:
Para alguns candidatos será constrangedor e difícil explicar. Para
milhões de eleitores vai ser quase impossível entender as próximas cenas
da campanha eleitoral.
O primeiro capítulo vai ao ar na sexta-feira, quando começa
propaganda política no rádio e na televisão. Nesse dia, por
coincidência, se completam dois anos do último impeachment (em três
décadas de democracia, o país já derrubou metade dos quatro presidentes
que chegaram ao Planalto pelo voto direto).
Em vários estados o eleitor será surpreendido com o desfile do PT de
Dilma e Lula abraçado aos “golpistas” do MDB de Michel Temer. Foram
parceiros no poder por 12 anos e sete meses, até o impeachment de Dilma.
Atravessaram os últimos 24 meses em histeria na Câmara e no Senado.
Todo dia, gastavam hora e meia nos plenários injuriando-se como
“ladrões” e “corruptos” — não necessariamente nessa ordem. Houve
parlamentar petista que fez 350 discursos de ataques aos “golpistas”,
dois terços do Legislativo.
Agora, o PT está de novo entrelaçado ao MDB de Temer, ao PR de
Valdemar Costa Neto, ao PP de Ciro Nogueira, ao PTB de Roberto
Jefferson, ao PSD de Gilberto Kassab, ao SD de Paulinho da Força, ao DEM
de Rodrigo Maia e ao PSB dos Arraes. Por milagre eleitoral, todos
voltaram a ser bons companheiros.
Pelos antigos sócios, em nove estados os petistas renegaram o PCdoB,
seu mais fiel e permanente aliado. Esse partido precisa de bancada em
nove estados (ou 1,5% dos votos válidos no país) para se manter no mapa
político.
Foi preciso ordem judicial para obrigar o PT do Amazonas a não deixar
desamparada a senadora comunista Vanessa Graziottin (PCdoB), isolada na
batalha pela reeleição. Em Pernambuco, aniquilou uma candidatura
própria (Marília Arraes) para apoiar a reeleição de um “golpista”, o
governador do PSB em Pernambuco (Paulo Câmara).
Razão tinha o poeta Drummond, quando dizia que uma eleição é feita para corrigir o erro do pleito anterior, mesmo que o agrave. DO O.TAMBOSI
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