terça-feira, 28 de agosto de 2018
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
O “mito” Jair Bolsonaro deve proporcionar uma das maiores audiências deste
ano ao Jornal Nacional da Rede Globo. A previsão óbvia é que o candidato do
nanico PSL seja massacrado pelos entrevistadores. Ontem, Ciro Gomes experimentou
a língua afiada e tepeêmica de William Bonner e Renata Vasconcellos. Ciro
conseguiu manter o controle. Bolsonaro terá de fazer o mesmo. Serão 20 minutos
de pressão intensa logo no começo do programa que – gostem ou não – é assistido
em 40 milhões de lares.
Aparentemente, Bolsonaro já está bem treinado em massacres midiáticos.
Sobreviveu e tirou vantagem das participações no Roda Viva e na Globonews. Tem
tudo para sair bem na Globo. Deve focar no assunto Segurança. Bolsonaro se
transformou em um fenômeno eleitoral porque consegue catalizar a revolta da
maioria da população em torno de três problemas: a impunidade contra o crime
organizado, a corrupção sistêmica e a violência descontrolada.
Já que a TV Globo certamente insistirá em evocar o passado do candidato,
seria interessante Bolsonaro lembrar a campanha sórdida que a então
“organizações Globo” e o PT promoveram contra as escolas de horário integral
mal gerenciadas por Leonel Brizola e Dardy Ribeiro, na década de 80. Se os
“Cieps” (Centros Integrados de Educação Pública) tivessem funcionado, sem
sabotagem midiática global e petralha, certamente o Rio de Janeiro teria uma
quantidade infinitamente menor de bandidos do que ostenta hoje em dia.
Bolsonaro não pode cair na armadilha de ficar na defensiva, refém de um
tom agressivo para responder pegadinhas sobre seu passado. O candidato deve ser
mais propositivo. Aliás, Bolsonaro tem o dever de apresentar e debater seu
próprio programa de governo. Até agora, o candidato não apresentou soluções
práticas para resolver a mais assustadora crise econômica da nossa História. O
presidenciável precisa indicar os caminhos para soluções, em vez de só ficar
chovendo no molhado de problemas que todos nós conhecemos – e estamos de saco
cheio deles.
Bolsonaro também deve destacar a reconhecida competência de seu candidato
a vice, Hamilton Mourão, um General de Exército, na reserva desde fevereiro
deste ano. Mourão não conhece apenas a Arte da Guerra. È, também, um conhecedor
das Finanças Públicas e do Orçamento Federal. No eleitorado jovem,
interconectado via redes sociais, o General é tão ou mais popular que o próprio
Bolsonaro. O candidato também deve expor, mais claramente, seu compromisso com
um modelo estatal mais liberal e menos interventor – contradição que o casal
global do JN vai explorar. Bolsonaro precisa ir além do seu “Posto Ipiranga” –
o economista Paulo Guedes – que agora é atacado, porém, até outro dia, era um
dos queridinhos dos Irmãos Marinho, donos do Grupo Globo...
Na campanha via Internet e nas grandes manifestações de rua, Bolsonaro
insiste no messianismo de que dá para desbancar o sistema que nos afunda. No
discurso, a crença-promessa é bonitinha. Na prática, vai depender de muita
estratégia e definição de qual Brasil queremos para o futuro. A Globo soltou a
pergunta para as pessoas comuns produzirem vídeos. Algumas pessoas deram
respostas simples, porém realistas. O próximo governo terá de promover um
inédito e amplo diálogo nacional.
A entrevista desta terça-feira à noite, ao vivo, na Rede Globo, pode ser
decisiva. Se Bolsonaro se sair bem, tem tudo para consolidar a posição de
favoritismo para chegar na frente neste primeiro turno eleitoral. Logicamente,
a pauta da Globo fará de tudo para que Bolsonaro seja pressionado,
ridicularizado, e provocado, a fim de terminar na lona. Bolsonaro precisa
manter a calma (difícil...) e a sinceridade combinada com bom humor (mais fácil
para ele...).
Bolsonaro está bem cotado para sentar no trono autoritário do Palácio do
Planalto. Até pode vencer no primeiro turno, em função dos votos válidos.
Bolsonaro pode atingir até 30% da votação. Nulos, brancos e abstenção podem
atingir outros 30% (ou mais). Os 40% restantes tendem a se dispersar entre os
outros 12 candidatos a Presidente.
Todos só precisam levar em conta o detalhe fundamental. O próximo
Presidente (não importa que sem seja) terá de se preparar mais conversar do que
para sair na porrada contra bandidos, inclusive e principalmente os que
infestam a política. O desafio é arriscado e gigantesco porque a oposição
promete ser intensa e irracional.
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