Fenômeno poderá ser observado a partir das 17h na maior parte do País. Cidades do Nordeste terão observação privilegiada
27 jul 2018
03h11
atualizado às 07h53
O mais longo eclipse lunar do século 21 poderá ser observado nesta
sexta-feira, 27, na maior parte do País. Mas quem quiser contemplar o
fenômeno precisará prestar atenção aos horários, porque o eclipse total
já terá passado da metade da duração quando a Lua cheia surgir no céu
brasileiro.
No que consiste o eclipse lunar desta sexta?
O professor Paulo Bretones, do Departamento de Metodologia de Ensino da
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), explica que eclipses
lunares só acontecem na fase cheia da Lua, quando ela penetra na sombra
em forma de cone que a Terra projeta no espaço. "Imagine que o Sol está
no centro de uma mesa, com a Terra girando em torno dele nesse mesmo
plano. A Lua também está girando em torno da Terra, mas o plano de sua
órbita é inclinado um pouco mais de 5 graus em relação à face da mesa.
Embora a Terra projete sempre a sua sombra não a percebemos porque
geralmente a Lua passa acima ou abaixo dela", explica Bretones. "Assim,
quando a Lua cruza o plano da órbita da Terra e, além disso, o Sol, a
Lua e a Terra ficam alinhados, ocorre um eclipse lunar."
Ao passar entre o Sol e a Lua, a Terra produz uma sombra escura sobre o
disco lunar - a umbra - e a penumbra, que é uma região cinzenta. Só
quando a Lua está completamente mergulhada na umbra se considera que há
um eclipse total em curso. O eclipse parcial ocorre quando só uma parte
da Lua está na umbra. E o eclipse penumbral acontece quando só se vê a
Lua coberta pela penumbra.
Em qual horário e de onde será possível observá-lo?
Todo o Brasil poderá ver nesta sexta-feira, 27, o eclipse lunar. Quanto
mais próximo do litoral leste do País (costa leste do Nordeste, áreas
próximas ao litoral do Sudeste e do Sul), maior será o tempo de
visualização do fenômeno. O eclipse só será visível - parcial ou
totalmente - em metade do mundo: África, Europa, Ásia, Austrália e na
parte leste da América do Sul. Os melhores posicionados para assistir ao
espetáculo serão os habitantes da África, do Oriente Médio e da Índia.
A parte mais impressionante do fenômeno ocorrerá das 16h30, quando a
Lua ainda estará abaixo da linha do horizonte. Em São Paulo, terá
duração de 1h49, começando às 17h41. Entre as capitais, se não houver
problema com nebulosidade, o maior tempo de visualização será em Recife,
segundo a Climatempo, onde o evento terá duração total de 3h14min, com
início às 17h15min, em Natal, onde o eclipse começa às 17h19 e terá
duração de 3h09min, e em João Pessoa, onde o eclipse total lunar poderá
ser visto por 3h12min, a partir de 17h16min.
Preciso de equipamentos específicos?
Você não vai precisar de nenhum equipamento especial para ver o eclipse
lunar total, apenas dos seus olhos e de paciência, informa a
Climatempo. Eclipses lunares podem ser observados a olho nu, mas se você
tiver um binóculo, de preferência um especial para a observação
astronômica, ou uma câmera fotográfica digital terá uma visão
privilegiada.
O que pode atrapalhar a visualização?
No período do eclipse penumbral, mesmo que o céu esteja sem nuvens, se
você estiver num centro urbano, onde há muita luz artificial que produz o
que os astrônomos chamam de "poluição luminosa", a visualização do
eclipse não será boa quanto num lugar escuro, com pouca luz artificial .
Mas se você for, por exemplo, para uma estrada onde já não tenha mais
os postes de iluminação pública, já estará num local suficientemente
escuro para ter uma visão mais nítida do eclipse, lembra a Climatempo.
Por que a lua visível nesta sexta está sendo chamada de "lua de sangue"?
Quando estiver totalmente imersa na umbra, a Lua não ficará invisível,
mas deverá ganhará uma cor de cobre, avermelhada, "de sangue". Isso
ocorre porque, embora a sombra da Terra não deixe que os raios de Sol
cheguem diretamente à Lua, ela é atingida por raios que são refratados
pela atmosfera terrestre.
"Os componentes da luz branca que produzem as cores vermelha e laranja
se espalham mais pela atmosfera, cobrindo o céu com essas cores
semelhantes às que vemos no alvorecer e no crepúsculo. A refração
transforma as cores em sombra, por isso a Lua fica avermelhada", explica
o professor Bretones.
E quanto à aproximação de Marte, é um fenômeno frequente?
De acordo com o jornal americano The New York Times, a oposição, como é
chamada a aproximação, é um alinhamento que ocorre uma vez a cada dois
anos. Durante esse evento, o planeta vermelho aparecerá mais brilhante
que as estrelas. Normalmente, o planeta mais brilhante no céu da Terra é
Vênus seguida por Júpiter. Mas, nesta sexta, Marte emanará tanta luz
quanto elas.
A agência espacial americana Nasa tende a lançar suas missões espaciais
a Marte nesses períodos de aproximação. Por exemplo, as missões que
lançaram os robôs Opportunity e Spirit aconteceram em 2003. Naquele ano,
a aproximação atingiu a menor distância em 60 mil anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário