Autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo, a prorrogação do inquérito sobre portos por mais dois meses altera em definitivo o papel de Michel Temer na sucessão de 2018. O presidente continua sendo um candidato —não à reeleição, como gostaria, mas ao posto de saco de pancadas.
A decisão de Barroso empurrou a conclusão da investigação para o início de julho, mês das convenções partidárias para formalização de candidaturas. Isso carboniza a pretensão eleitoral que Temer já não tinha condições de cultivar. Auxiliares do presidente tratam como “provável” a terceira denúncia da Procuradoria.
Num exercício de redução de danos, os operadores políticos de Temer celebram o fato de que a denúncia deve chegar junto com o recesso do meio do ano, que esvazia o Legislativo. Imagina-se que, no segundo semestre, os deputados não se animarão a interromper a campanha política para votar uma nova denúncia.
Com ou sem a deliberação da Câmara, uma terceira denúncia por corrupção transformaria o ocaso do governo num triste espetáculo. Durante a campanha, bater em Temer tornou-se quase um imperativo eleitoral. A deterioração moral do governo tisnou o desempenho da economia. Os resultados são modestos e, para complicar, nada do que é positivo gruda em Temer.
A partir de outubro, depois da abertura das urnas, haverá na praça um presidente eleito. E Temer iniciará a contagem dos dias que faltam para migrar do posto de presidente à condição de matéria-prima para a elaboração de sentenças judiciais.
Josias de Souza
07/05/2018 19:08
Nenhum comentário:
Postar um comentário