Nova fase da Lava Jato investiga propina de R$ 200 milhões e elo com MDB e o PT.
Por Thais Kaniak, G1 PR, Curitiba
O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato,
ordenou o bloqueio de até R$ 90 milhões das contas de investigados na
51ª fase da operação, deflagrada nesta terça-feira (8).
Os bloqueios foram determinados para:
- Aluísio Teles Ferreira Filho
- Ulisses Sobral Calile
- Rodrigo Zambrotti Pinaud
- Ângelo Tadeu Lauria
Todos eles foram presos nesta terça. *Veja, abaixo, quem são os alvos de prisão.
"Considerando os indícios do envolvimento dos investigados em vários episódios de intermediação de propina e de lavagem de dinheiro e o impressionante montante da propina, resolvo decretar o bloqueio das contas dos investigados até o montante de noventa milhões de reais", decretou Moro.
Os bloqueios serão implementados pelo Banco Central do Brasil (Bacen), e os comprovantes anexados nos autos do processo.
51ª fase da Lava Jato
Batizada de Déjà Vu, esta nova etapa ocorreu em três estados: Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo.
Há 23 mandados judiciais: quatro de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 17 de busca e apreensão.
Os alvos de prisão são:
- Mario Ildeu de Miranda (ex-funcionário da Petrobras e operador): prisão preventiva
- Ulisses Sobral Calile (ex-funcionário da Petrobras, com atuação na área Internacional: prisão preventiva
- Aluísio Teles Ferreira Filho (engenheiro, ex-gerente-geral da área Internacional de Petrobras): prisão preventiva
- Rodrigo Zambrotti Pinaud (ex-funcionário da Petrobras contratado para auxiliar no processo de licitação para contratação de serviços de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS)): prisão preventiva
- Sérgio Boccaleti (ex-funcionário e operador): prisão temporária
- Ângelo Tadeu Lauria (operador): prisão temporária
Os presos vão ser levados à Superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba.
O G1 tenta localizar os advogados dos alvos.
Até o momento, cinco pessoas foram presas. O único mandado não cumprido
foi contra Mario Ildeu de Miranda. Ele está fora do país.
A propina
Conforme o Ministério Público Federal (MPF), a propina foi paga entre
2010 e 2012. Foram pagos, à época, US$ 56,5 milhões. Atualmente, o valor
equivale a R$ 200 milhões.
O MPF afirmou há provas de repasses de aproximadamente US$ 25 milhões a
ex-funcionários da Petrobras e de cerca de US$ 31 milhões para agentes
que se apresentavam como intermediários de políticos vinculados ao MDB e
ao PT.
As vantagens indevidas estão relacionadas a um contrato fraudulento de
mais de US$ 825 milhões, firmado em 2010 pela Petrobras com a
construtora Norberto Odebrecht, segundo o MPF.
Além da utilização de offshores, de operadores financeiros e de
doleiros, toda a lavagem de dinheiro foi feita, de acordo com o MPF, por
meio do Setor de Operações Estruturadas da debrecht – o setor de
propina da Odebrecht.
O MDB informou que desconhece detalhes da operação mas reitera a necessidade de investigação célere em relação aos acusados.
Por meio de nota, a Odebrecht disse que colabora com a Justiça no
Brasil e nos países em que atua. "Assinou Acordo de Leniência com as
autoridades do Brasil, Estados Unidos, Suíça, República Dominicana,
Equador, Panamá e Guatemala. Implantou um sistema para prevenir,
detectar e punir desvios ou crimes. E adotou modelo de gestão que
valoriza não só a produtividade e a eficiência, mas também a ética, a
integridade e a transparência", diz a nota.
Nenhum comentário:
Postar um comentário