Por Valdo Cruz- G1
Evolução dos Subsídios da União
Em % do PIB
Estudo inédito do Ministério da Fazenda mostra que os subsídios da
União totalizaram R$ 354,7 bilhões em 2017, equivalente a 5,4% do PIB,
mais de duas vezes e meia do déficit primário projetado para este ano,
de R$ 139 bilhões.
Num país em profunda crise fiscal, o ministro da Fazenda, Eduardo
Guardia, defende a transparência desses benefícios e uma discussão sobre
quais devem permanecer e quais devem ser reduzidos ou cortados.
Esses subsídios, receitas que o governo deixa de arrecadar ou despesas
que ele banca para setores específicos da economia, acabam contribuindo
para o desequilíbrio das contas públicas.
Guardia destaca que alguns são importantes para corrigir distorções da
economia, mas outros não atingem seus objetivos e acabam apenas
beneficiando determinados segmentos da sociedade.
“Tal como ocorreu com a situação da Previdência, que hoje boa parte da
população entende a necessidade de sua reformulação, o mesmo precisa
acontecer com os subsídios concedidos pela União”, afirmou.
A partir de 2016, os subsídios começaram a declinar. De 6,7% do PIB,
caíram para 6,1% em 2016 e para 5,4% do PIB no ano passado. A queda é
resultado de medidas adotadas principalmente pela equipe econômica do
governo Temer. Foram reduzidos os subsídios concedidos nos empréstimos
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da
desoneração da folha de pagamento, do Fundo de Financiamento do Ensino
Superior (Fies) e do programa Minha Casa, Minha Vida.
Todos esses programas tiveram forte aumento durante os governos
petistas, sem garantia de contrapartidas e de pagamentos, e acabaram
contribuindo para o desequilíbrio das contas públicas. O país saiu de um
período de superávit primário em suas contas para déficits a partir de
2014.
Eduardo Guardia faz questão de afirmar que alguns programas de
subsídios são importantes para redução de custo ao consumidor e das
empresas, principalmente para corrigir distorções da economia.
Ele defende a existência desses programas, mas afirma que precisam ser
analisados caso a caso para se checar o custo/benefício de cada um
deles. Avaliar se estão dando o resultado esperado.
Ele lembra que a desoneração da folha de pagamento, que chegou a gerar
uma perda de receita de R$ 25 bilhões para União e que hoje está em R$
15 bilhões, é um exemplo de um programa cuja relação custo/benefício não
foi boa para o país. O governo perdeu receita e as empresas não geraram
mais emprego nem fizeram mais investimentos em contrapartida ao
benefício recebido.
Por isso o governo quer reduzi-los ainda mais. "Temos de ser
criteriosos na concessão de subsídios. Em alguns casos, são importantes,
mas temos de analisar se estão dando o retorno esperado. Isso precisa
ser discutido com a sociedade, porque, no fundo, é ela quem banca esses
programas que, em certos casos, acabam beneficiando a grupos específicos
em detrimento da maioria da população", afirma Guardia.
Do total de R$ 354,7 bilhões de subsídios, R$ 270,4 bilhões são de
gastos tributários, receitas que o governo deixa de arrecadar para
beneficiar alguns setores da economia, como subsídios para a Zona Franca
de Manaus e o programa Simples, que concede um regime com tributação
menor para micro e pequenas empresas. Outros R$ 84,3 bilhões são de
benefícios financeiros e creditícios, como os do Programa de Sustentação
do Investimento.
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