Líder do governo no Senado e presidente nacional do MDB é acusado de ter recebido doação da Odebrecht em troca de beneficiar empresa no Congresso. Senador nega acusação.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal (STF) decidiu nesta terça-feira
(13), por unanimidade, receber denúncia e tornar réu o senador Romero
Jucá (RR), líder do governo no Senado e presidente do MDB, por corrupção
passiva e lavagem de dinheiro.
É a primeira vez que o Supremo torna o senador do MDB réu. Além dessa
ação, Jucá é alvo de 12 inquéritos no Supremo Tribunal Federal, tendo
sido denunciado três vezes pelo Ministério Público Federal (a Corte
ainda não analisou se aceita essas acusações).
Segundo a denúncia do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
Jucá pediu uma doação de R$ 150 mil à Odebrecht para a campanha
eleitoral do filho Rodrigo em 2014, então candidato a vice-governador de
Roraima.
Em delação premiada, o ex-diretor de Relações Institucionais da empreiteira Cláudio Melo Filho afirmou que a doação foi feita ao diretório do PMDB.
Em troca, segundo Melo Filho, a empresa esperava que Jucá a
beneficiasse durante a tramitação de duas medidas provisórias no
Congresso. Jucá nega a acusação.
Durante o julgamento nesta terça, o subprocurador da República Juliano
de Carvalho defendeu o recebimento total da denúncia. Ele afirmou que
“há indícios suficientes de que a campanha eleitoral foi financiada em
parte pela construtora Odebrecht e por isso Jucá esteve a disposição na
tramitação das medidas provisórias”, afirmou.
Em seguida, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, que representa
Jucá, disse que o senador não agiu em benefício da empreiteira. “Os
fatos não têm sequer ‘en passant’ qualquer tipo de possibilidade de ser
classificado de ilegal, muito menos de crime”, disse.
Em seu voto, o ministro Marco Aurélio Mello, relator do caso, afirmou
que é "ponto incontroverso" a realização de reuniões entre o
congressista na condição de líder e o delator antes e durante o período
no qual se deu o processo retroativo das medidas. Segundo ele, é
"indiscutível" a ocorrência da doação oficial.
Os ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Alexandre de Moraes
acompanharam o voto de Marco Aurélio. O ministro Luiz Fux estava ausente
da sessão.
Com a decisão, começa agora a fase de instrução da ação penal, em que
são ouvidas as testemunhas e coletadas provas. O senador e o Ministério
Público também irão se manifestar. Apenas ao final dessa fase ocorre o
julgamento final, que dirá se ele será condenado ou absolvido pelos
crimes dos quais foi acusado.
Por Rosanne D'Agostino, TV Globo, Brasília
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