terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Sob Temer, fisiologismo ganha forma patológica






Josias de Souza
Há 15 dias, quando saí em férias, Michel Temer desperdiçava o seu tempo tentando acomodar a filha do ex-presidiário Roberto Jefferson (PTB) na chefia do Ministério do Trabalho. De volta do meu descanso, percebo que o presidente da República continua dedicando seus melhores esforços à obsessão de empossar Cristiane Brasil, uma deputada condenada judicialmente por não assinar a carteira de trabalho do seu motorista. O penúltimo entrave à posse da filha de Jefferson foi uma liminar expedida pela presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia.
A coisa virou novela. Mas o ministro Carlos Marun, o trator que cuida da coordenação política do Planalto, disse que “novelas sempre têm final feliz.” Faltou definir felicidade. Se a felicidade tiver que aparecer para os mais de 12 milhões de desempregados, não se atreverá a aparecer em outra forma que não seja a de uma carteira de trabalho com a assinatura que Cristiane Brasil sonegou ao seu motorista.
Auxiliares de Temer dizem que ele insiste em Cristiane Brasil porque não admite que juízes aviltem sua prerrogativa de nomear quem bem entender para a Esplanada dos Ministérios. Até abril, Temer terá de trocar mais de uma dúzia de ministros. Imagine o que está por vir. Um presidente pode conviver com gente como Roberto Jefferson por obrigação. Qualquer um entenderia isso. Mas ir atrás do Jefferson, cortejar o Jefferson, condicionar a viabilidade do seu governo à conveniência familiar do Jefferson… É demais! Sob Temer, o fisiologismo vai ganhando uma aparência patológica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário