ábado, 20 de janeiro de 2018
Não basta, para líderes petistas, menosprezar as instituições
democráticas e enxergá-las como mero apêndice do partido. É preciso,
também, exaltar a violência em suas mais diversas formas". Editorial da
Gazeta do Povo:
Na
terça-feira, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, deu a
entender que, se o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região não apenas
confirmasse a condenação de Lula, mas ainda determinasse sua prisão,
baseando-se no entendimento do Supremo Tribunal Federal que permite o
início do cumprimento da pena após condenação em segunda instância,
haveria resistência física e até mortes: “Para prender o Lula, vai ter
que prender muita gente, mas, mais do que isso, vai ter que matar gente.
Aí, vai ter que matar”, afirmou a senadora ao site Poder360. Mais
tarde, diante da repercussão de suas palavras, a presidente do PT tentou
amenizar o discurso e disse que tinha recorrido a uma “força de
expressão” – se ela tomou consciência do tamanho da irresponsabilidade
que cometera, ou se apenas jogou para controlar o estrago, jamais
saberemos.
Mas um
colega de partido e de Senado resolveu endossar a leitura literal da
entrevista de Gleisi: Lindbergh Farias, que foi o segundo colocado na
eleição que levou a senadora paranaense à presidência do PT. Em um vídeo
no Facebook, ele criticou aqueles que queriam amenizar o discurso de
Gleisi: “Vi gente da esquerda dizendo ‘olha, não era bem isso’. O que
esse pessoal quer?”, indagava, deixando a entender que prefere a versão
incendiária das palavras da presidente do PT.
O vídeo
foi publicado na noite de quarta-feira, depois que a própria Gleisi já
havia baixado o tom, mas, para que não ficassem dúvidas a respeito,
Farias ainda disse que a esquerda precisa é estar preparada para “o
enfrentamento e para as lutas de rua” e que “não é hora de uma esquerda
frouxa”. Lindbergh descarta os caminhos institucionais para pregar que
“o caminho agora é outro”, e avisa as “elites” que, se elas querem
“colocar o país no caminho da instabilidade”, descobrirão que “nós temos
muita disposição para lutar nas ruas deste país”.
O fato
de ser um senador da República não impede que Lindbergh Farias despreze o
Congresso a que pertence, além do Poder Judiciário; o único “poder” que
o petista reconhece é o da esquerda nas ruas, que ele confunde com a
população brasileira, na vã ilusão de que a maioria dos cidadãos estaria
mesmo disposta a brigar e morrer por Lula.
Gleisi e
Lindbergh mostram a face autoritária do lulopetismo. Não basta, para
eles e para outros chefões petistas, menosprezar as instituições
democráticas e enxergá-las como mero apêndice do partido, funcionando a
serviço deste. Não basta atacar a imprensa livre, elemento importante
das democracias. É preciso, também, exaltar a violência em suas mais
diversas formas: na defesa de um ditador que mata seu povo de fome, como Nicolás Maduro; no apelo ao “exército de Stédile”, recompensado com audiências presidenciais depois de tentar invadir o Supremo e o Planalto; no silêncio cúmplice quando um dirigente sindical promete “pegar em armas”;
no reconhecimento de black blocs como interlocutores; no uso da própria
tribuna do Congresso para defender “movimentos sociais” enquanto, do
lado de fora, eles transformavam a Esplanada dos Ministérios em cenário de destruição.
Quando a violência serve para fazer avançar a causa lulopetista, ela é
louvável, exaltada. Para o petismo, os fins justificam os meios –
quaisquer meios.
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