Artigo de Percival Puggina, publicado em seu blog:
Não localizei o
vídeo. O trecho a que vou me referir, provavelmente fazia parte de uma
fala em que José Dirceu, discorrendo sobre a importância da política,
afirmou aos companheiros, em Canoas/RS, que “se o projeto político é o
mais importante, o principal é cuidar do PT”. Só localizei fragmentos
desse pronunciamento no YouTube. Mas nesse ou noutro vídeo da mesma
época, o então Chefe da Casa Civil de Lula fez uma referência à
importância do controle dos fundos de pensão. Homem de visão, o Zé! Tudo
aconteceu conforme previsto por ele: o PT passou a controlar os fundos;
e tudo andou conforme o previsível: abriu-se um colossal rombo nas
contas dessas importantes instituições – R$ 78 bilhões, em números de
junho deste ano!
Mais de duzentos mil
empregados e pensionistas de empresas estatais serão chamados, ou já
estão fazendo isso, a aumentar, em muito, suas contribuições aos
respectivos fundos de pensão. Os participantes e pensionistas da Petros
já sabem que precisarão aportar R$ 14 bilhões em 18 anos. Outro tanto
(13,5 bilhões) será assumido pela “nossa” amada Petrobras. A
Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc),
interveio no Postalis e, diante do que tem descoberto, vai “aumentar o
valor das punições por má gestão”, hoje limitado a ridículos R$ 40 mil.
Nada disso me
surpreende. Tudo estava previsto desde o momento em que Lula subiu a
rampa do Palácio do Planalto e a máquina petista se instalou no coração
do governo e do Estado brasileiro. Até Deus se negou a nos acudir no
subsequente Deus-nos-acuda.
Quando Carlinhos
Cachoeira gravou o achaque de Waldomiro Diniz (2004) e Roberto Jefferson
denunciou o mensalão (2005), o país tomou ciência de que havia uma
organização criminosa atuando em larga escala no aparelho de Estado. Dez
anos depois, quando se encerrou o julgamento do mensalão e a Lava Jato
iniciou atividades, provavelmente os seis ministros que desconheceram o
crime de formação de quadrilha eram os únicos cidadãos brasileiros que
ainda se recusavam a admitir sua existência. Mas como entender, agora,
esses eleitores de Lula e, mais especificamente, o silêncio das vítimas
do rombo nos fundos de pensão? Por que não vejo carro de som, megafone
ou apedidos na imprensa denunciando a gestão irresponsável desses planos
por militantes partidários? Afinal, desde 2003 esses recursos estavam
na mira do Zé, da política e, portanto, do partido que os usou para
negócios, com destaque para os bilionários financiamentos concedidos aos
projetos fracassados das “campeãs nacionais”.
Diante de tudo isso,
não posso deixar de pensar na Síndrome de Estocolmo, ou seja, na afeição
do sequestrado pelo sequestrador. É um fato que, por si só, mostra o
tamanho de outro rombo, aberto na consciência política de tantos
brasileiros. Ele se expressa na dedicação a quem lhes tomou a carteira e
levou junto, como moedas do bolso, alguns dos mais humanos sentimentos
de indignação e revolta. DO O.TAMBOSI
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