sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Justiça decreta prisão de ex-professor por desvio de quase R$ 1 milhão da USP


 

Ex-professor de Zoologia montou esquema que desviou R$ 970 mil da universidade entre 2012 e 2014, segundo Ministério Público. Ele se mudou para os EUA e será incluído na lista da Interpol.

Por G1 SP, São Paulo


  Estudantes da USP na Praça do Relógio, na Cidade Universitária, em 2014 (Foto: Cecília Bastos/Jornal da USP/Divulgação)
Estudantes da USP na Praça do Relógio, na Cidade Universitária, em 2014 (Foto: Cecília Bastos/Jornal da USP/Divulgação)
A Justiça Federal decretou a prisão preventiva do ex-professor de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP) Marcelo Rodrigues de Carvalho, acusado de desviar quase R$ 1 milhão do orçamento da instituição.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), entre 2012 e 2014, quando ainda fazia parte do corpo docente da USP, Carvalho utilizou notas frias para simular compras e embolsar R$ 970 mil disponibilizados pelo Ministério da Educação.
A Justiça também determinou o bloqueio dos bens do ex-professor e a inclusão do nome dele na lista de procurados da Interpol. No começo do ano, após o início das investigações, Carvalho pediu exoneração do cargo na universidade e se mudou para os Estados Unidos.
O técnico administrativo do departamento de Zoologia Eduardo Netto Kishimoto, e os empresários Marcos Simplício e Sérgio dos Santos, donos das empresas Tec Science e Bellatrix, são apontados como outros beneficiários da fraude. Todos já tiveram os bens bloqueados pela Justiça.

Esquema

Carvalho era o responsável pela gestão de R$ 2,9 milhões da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) repassados ao departamento de Zoologia. Segundo o MPF, ele conseguiu, ao todo, 41 notas fiscais frias com as empresas Tec Science e Bellatrix, que ficavam com parte do valor da falsa compra como contrapartida pela emissão dos documentos.
O esquema começou a ruir após reclamações de falta de dinheiro na unidade, mesmo com o aporte da Capes. Uma comparação entre as notas fiscais e o inventário dos materiais disponíveis demonstrou que, além de terem sido solicitados em quantidades muito superiores ao necessário, os itens adquiridos nunca foram entregues.
A lista de materiais adquiridos incluía, entre outros acessórios de pesquisa, 2 mil litros de álcool etílico, mais de 5 mil recipientes de vidro, e quase 25 quilos de corantes - quantidade que seria suficiente, por exemplo, para a análise de 23,5 milhões de peixes. No estoque do departamento, porém, só havia 12 litros de álcool, nenhuma peça de vidro com as especificações apontadas e 50 gramas de corantes.
Os quatro suspeitos foram denunciados pelo crime de peculato e, na esfera cível, ainda respondem por atos de improbidade administrativa. Apenas Marcelo Rodrigues de Carvalho teve a prisão decretada até agora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário