Hora da Nação se livrar para sempre das ratazanas engravatadas. |
O professor Rosenfield vai direto ao ponto. Todos os políticos que eram tidos como lideranças nacionais derreteram. Chafurdam no lodaçal da corrupção, da mentira e da total desfaçatez. E não são só esses ex-líderes políticos. A indecência é generalizada e alcança todas as esferas estatais incluindo o Judiciário.
E como já me referi aqui no blog, a aprova concreta da falência total da classe política é o fato de que o pré-candidato Jair Messias Bolsonaro até agora não conseguiu uma legenda porque, de uma forma ou de outra, todos os partidos estão imersos no esquema que começou com o mensalão do PT e não parou mais até que a Operação Lava Jato puxou o fio da meada e descobriu o petrolão. Daí em diante foi terra arrasada. Não sobrou ninguém. E tudo isso gera uma insegurança generalizada. Não há dúvida que 2018 poderá ser um ano decisivo para o futuro do Brasil: a liberdade ou a opressão e a miséria.
Portanto, vale muito a pena ler este artigo do professor Rosenfield que sintetiza o que está realmente acontecendo no Brasil e a razão pela qual Jair Bolsonaro sobe nas pesquisas eleitorais. Leiam:
MAL-ESTAR
Por Dennis Lerrer Rosenfield (*)Transcrito de O Globo
Há um profundo mal-estar na sociedade brasileira. As pessoas estão tomadas pelo desânimo e pela insegurança, portadoras de uma grande descrença em relação aos políticos e aos partidos. Se a moralidade pública tornou-se uma bandeira política, é por que não faltaram razões que corroboram uma tal percepção. É bem verdade que a economia voltou a crescer, criando novas condições sociais, graças às reformas realizadas pelo atual governo, porém tais efeitos ainda não se fizeram sentir ou não são percebidos enquanto tais.
Não
deveria, portanto, causar estranheza o fortalecimento da candidatura do
deputado Jair Bolsonaro, na medida em que ele consegue dar vazão ao
sentimento de uma sociedade cansada de desmandos. Pretender
desqualificá-lo como sendo de extrema-direita é nada mais do que uma
reação de tipo ideológica, pois não leva em consideração que suas
posições estão enraizadas na sociedade. Ele não é uma “bolha” que logo
estourará, mas um fenômeno que expressa questões e posições de uma
sociedade que está de “saco cheio” com tudo o que está aí.
A
descrença da sociedade com os políticos e partidos em geral tem sérias
razões. Não há praticamente nenhum grande partido que escape. O PT foi o
grande mestre com o mensalão e o petrolão, em cujos governos o país foi
levado à ruína econômica e à falta completa de ética. Ex-membros do
novo governo estão envolvidos na Lava-Jato, como o de um ex-ministro com
mais de 50 milhões escondidos em um apartamento. As imagens foram
impactantes. O ex-presidente do PSDB também aparece envolvido no caso da
JBS. A lista poderia ser interminável. Fica, porém, a percepção de que
todos os partidos estão podres, embora evidentemente existam pessoas
sérias e honestas em todos eles. O que conta aqui é a percepção popular.
Neste sentido, a posição de um outsider tende a ser muito bem recebida.
As
denominações de esquerda e direita, em tal contexto, passam a não ter
maior significação, porquanto a questão reside em como dar respostas aos
problemas que são postos pela sociedade. Expressão deste deslocamento
encontra-se em recente entrevista do ex-presidente Fernando Henrique, ao
declarar que tem “medo da direita”, em uma alusão indireta ao deputado
Bolsonaro. Curioso. Não teria ele “medo da esquerda” lulopetista que
destruiu o país? Ou de Chávez e sucessores que conduziram a Venezuela ao
abismo?
A
sociedade não mais tolera as invasões do MST e de seus assemelhados
urbanos como o MTST. Quer tranquilidade em sua vida e em seu trabalho.
Note-se que o MST foi estimulado e acariciado tanto pelos tucanos quanto
pelos petistas, com exceção da ex-presidente Dilma, que dele se
demarcou e do atual presidente, que tampouco compactua com a desordem.
Acontece que o desrespeito à propriedade privada é condenado pela imensa
maioria da população, não mais embarcando nos cantos românticos de uma
esquerda irresponsável. Consequentemente, quando um outsider como o
deputado Bolsonaro toma para si esta bandeira, ele não apenas se
contrapõe a importantes partidos, como expressa o que é sentido e
condenado pela sociedade.
Pegue-se,
por exemplo, um projeto de lei hoje tramitando que permite aos
proprietários rurais a autodefesa mediante autorização para registro e
posse de armas. Alguns afoitos ou mal intencionados já criticam tal lei
como se ela viesse a estabelecer o “faroeste no campo”. Como assim? Não
será que ele já existe sob a forma de invasões violentas do MST, com uso
de armas, sequestros, incêndios, destruição de propriedades e assim por
diante? E a prática do abigeato? E os simples roubos e assassinatos?
Condenam-se os que procuram defender-se e, não os que usam da violência
em suas invasões. Se um candidato dá voz aos que não conseguem se fazer
ouvir, qual seria aqui o problema? O de ser de direita? Santa paciência.
As
pessoas já não mais conseguem caminhar livremente nas cidades
brasileiras. A insegurança impera, estando a violência sempre à
espreita. O automóvel é hoje utilizado para qualquer deslocamento,
expressando um medo disseminado. Os mais ricos andam de carros
blindados. Um direito básico, o de livre circulação das pessoas, é
simplesmente anulado pela insegurança física das pessoas e dos seus
bens. Pais e mães ficam angustiados à espera de um filho ou filha que
foi a uma festa noturna. Mães são assassinadas quando buscam filhos na
escola. A situação é totalmente intolerável, e nenhum governo ocupou-se
seriamente da segurança pública. Tucanos e petistas nada fizeram, sendo a
nossa realidade, hoje, produto de uma longa história de descaso com a
coisa pública. Não deveria surpreender que um candidato que vocalize tal
problema básico do Estado cresça na opinião pública. Se o deputado
Bolsonaro cresce nas pesquisas, é por que os partidos tradicionais
abriram-lhe espaço ao não enfrentarem as questões por ele suscitadas.
Chegamos
a uma assaz esquisita situação em que bandidos circulam livremente, com
armas de uso restrito militar, pelas favelas brasileiras, sem que nada
seja efetivamente feito. Até posam para foto, dada a total impunidade.
Se um militar os enfrenta, da polícia, do Exército, da Marinha ou da
Aeronáutica, logo instaura-se um processo contra ele, agora felizmente
sob os auspícios da Justiça Militar. Se for menor, pior ainda, pois
seria um “civil” indefeso que teria sido morto. Os valores estão
totalmente invertidos. Os ditos “direitos humanos” não deveriam ser
utilizados para a proteção de criminosos, maiores ou menores. Menores
matam livremente e, depois da uma breve reclusão, saem de ficha limpa. É
um estímulo ao crime. Assim, se um candidato defende a redução da
maioridade penal e a revisão do Estatuto da Criança e do Adolescente, é
imediatamente estigmatizado como conservador e retrógrado. A perversão é
completa.
A sociedade já não mais tolera a impunidade, venha de onde vier.
(*) Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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