quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Brasília deve virar uma Chicago sem Al Capone

Josias de Souza

O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, deixou Michel Temer numa situação esquisita. Diante da decisão da Câmara de congelar a denúncia que acusa o presidente de compor uma organização criminosa do PMDB, o ministro enviou para a primeira instância o pedaço do processo que não trata de Temer. Sem foro privilegiado, foram para o caldeirão de Sergio Moro o ex-ministro Geddel Vieira Lima, os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Alves e o ex-assessor da Presidência Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala.
Esses personagens têm algo em comum: são íntimos de Michel Temer. Nos áureos tempos, quando não havia sido descoberto nada sobre eles, integravam a turma do charuto. Frequentavam jantares semanais no Palácio do Jaburu, que terminavam numa roda onde havia muita de fumaça e articulações.
Suponha que Sergio Moro condene Geddel, Cunha, Alves e Loures. Teremos, então, uma organização criminosa seletiva e sem chefe. Os ministros palacianos Moreira Franco e Eliseu Padilha, que também foram contemplados pela Câmara com o congelamento das investigações, continuarão fazendo pose de limpinhos. Temer terá de afirmar que não percebeu o que se passava debaixo do seu nariz. Ele se autocondenará ao papel de bobo. E Brasília ganhará novamente a incômoda aparência de uma Chicago sem Al Capone.

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