sábado, 21 de outubro de 2017

A “Intervenção” via Bolsonaro?


Entrevista de Jair Bolsonaro ao site O Antagonista
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

“A Intervenção Militar poderá vir, mas através de um militar eleito”. Esta previsão de Jair Bolsonaro eletrizou ontem o mercado financeiro e as redes sociais. O presidenciável, que agora começa a ser levado a sério, antecipou ao jornalista Cláudio Dantas, do site O Antagonista, que pensa em contar com pelo menos cinco generais em seu eventual governo. Bolsonaro já escalou, de imediato, o General de Exército Antônio Hamilton Martins Mourão: “Não há dúvida de que ele terá uma vaga no meu governo. Ele é aquela figurinha carimbada”.

Essa nova tese de uma “Intervenção”, através da escolha pelo voto em Jair Bolsonaro para o Palácio do Planalto, tem tudo para botar fogo no fla-flu eleitoral de 2018. As pesquisas medem, porém não revelam, de propósito, que a intenção de votar em Bolsonaro cresce tanto quando a “tese da Intervenção”, em suas duas modalidades: a Militar (diretamente, o que é menos provável) ou a Constitucional (apoiada pelos Generais, porém tocada por imposição da vontade popular, cujas pré-condições estão sendo alimentadas para ocorrer). Agora, Bolsonaro antecipa, abertamente, que, se vencer, terá a legitimidade do voto para decretar a Intervenção.

Os membros da zelite tupiniquim insistem em fazer a leitura errada do fenômeno Bolsonaro. Eles insistem na burrice de tentar carimbar Bolsonaro como um personagem caricato e maluco de extrema direita. Os críticos sem noção da realidade não compreendem que Bolsonaro corporifica algumas das mais fortes vontades do eleitorado: a tentativa de apostar em um candidato corajoso e com honestidade para promover mudanças no Brasil. Mesmo que tal desejo seja ilusório, Bolsonaro leva vantagem sobre os demais adversários, justamente porque é deputado federal há vários anos, porém até agora não surgiram denúncias de participação em armações políticas ou esquemas de corrupção.
Até agora, Bolsonaro não tem falado besteira – ao contrário dos críticos emocionais dele. Bolsonaro é hoje um indivíduo perseguido pela máquina judiciária. O Ministério Público Federal o denunciou ao Supremo Tribunal Federal por aquela polêmica política idiota gerada pela deputada petista Maria do Rosário. Todo mundo sabe que Bolsonaro não fez “apologia ao estupro”, e todo mundo também viu que foi Maria do Rosário quem o xingou de estuprador. Injustamente, Bolsonaro se tornou réu no Supremo Tribunal Federal – só que não por crime de corrupção...
Do jeito que o filme do STF ficou queimado com o Caso Aécio Neves, qualquer punição injusta imposta a Bolsonaro tem tudo para provocar uma reação inimaginável de indignação na maioria da sociedade. É imprevisível qual será o ato de revolta a uma decisão política, ideológica e, porque não dizer, estúpida da Corte Suprema contra Bolsonaro. Imagina a interpretação legal permitir que o réu e condenado Lula da Silva possa disputar a Presidência da República, enquanto uma decisão suprema condena Bolsonaro e o tira da disputa?  
O sistema fará de tudo para sabotar Bolsonaro. Seu principal calcanhar de Aquiles é não ter uma base partidária confiável que lhe garanta a indicação para disputar a eleição. Apesar disto, o nome de Bolsonaro está popularmente consolidado como candidato com potencial para a vitória. Bolsonaro incorpora o tema da Segurança (na ordem do ano eleitoral). Muito corretamente, Bolsonaro tem dito que não basta combater a corrupção, mas sim definir mecanismos que impeçam a ação dos corruptos, preventivamente. Aí fica aberto o caminho para um debate sobre mudanças estruturais.
Bolsonaro levará seus adversários e inimigos ao desespero se entrar fundo no debate sobre mudanças na estrutura do Estado-Ladrão brasileiro. A reinvenção do Brasil, pela via da Intervenção Constitucional, é um assunto imprescindível. Começam a amadurecer as pré-condições para as mudanças desejadas. As lideranças das Forças Armadas clamam pelo amplo debate para a formulação de um Projeto estrutural de Nação para o Brasil.
O candidato Jair Bolsonaro tem a obrigação de marchar nesse sentido. O candidato Ciro Gomes, por iniciativa de seu ideólogo Roberto Mangabeira Unger, promete entrar no debate sobre o que chama de “Projeto Interno Forte”. Os segmentos pensantes da sociedade brasileira precisam ir além da mera futrica ideológica, polarizada na falsa batalha com os rótulos imprecisos de direita e esquerda. Já passou da hora de definirmos que Brasil queremos e podemos construir.
Felizmente, está sendo questionada a hegemonia institucional criminosa na máquina estatal brasileira. A maioria da sociedade não suporta mais o Estado-Ladrão. No entanto, ainda é preciso debater as soluções práticas e concretas para a afetiva implantação de um Estado Democrático, baseado na segurança do Direito, no respeito e obediência consciente a leis que tenham mais legitimidade que (a mera) legalidade.
Por isso é fundamental a formulação de uma nova Constituição. A tarefa não é para políticos profissionais. É uma missão para cidadãos que dominem conceitos políticos, econômicos e sociais corretos. Temos de ir muito além do mero fla-flu eleitoral... Do contrário, em 2018, vamos repetir o mais do mesmo.  
Quem lidera?
Abolição temerária
Bem chutado

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