Com decisão, informações prestadas nas delações ficarão só na Justiça Federal de Brasília. Relator da Lava Jato, Edson Fachin queria o caso também com Moro, mas sofreu derrota.
Por Renan Ramalho, G1, Brasília
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta
terça-feira (15) retirar do juiz Sérgio Moro, que conduz a Operação Lava
Jato no Paraná, os depoimentos prestados por executivos da JBS
envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro da
Fazenda Guido Mantega.
Com a decisão, as informações prestadas nas delações premiadas do dono
da empresa, Joesley Batista, e de um dos diretores, Ricardo Saud,
ficarão com a Justiça Federal de Brasília, com o juiz federal Ricardo
Leite.
Na colaboração, delatores narraram depósitos de US$ 150 milhões
em favor de Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff em contas no
exterior, em troca de aportes do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) para a empresa, intermediados por Mantega.
A sessão
Na sessão desta terça, os ministros da Segunda Turma do STF analisaram
pedidos de Lula e de Mantega contestando decisão de Edson Fachin,
relator da Lava Jato no Supremo, de remeter o mesmo material tanto para o
Paraná quanto para Brasília.
Responsável pela validação do acordo de delação, Fachin argumentou que o
conteúdo dos depoimentos tinha fatos relacionados a investigações
conduzidas por Moro e outros, a cargo de Ricardo Leite.
Na análise dos pedidos, porém, os ministros Gilmar Mendes, Celso de
Mello e Ricardo Lewandowski entenderam que o envio do material para dois
juízes poderia trazer insegurança jurídica, pela indefinição de quem
poderia julgar o ex-presidente e o ex-ministro.
A defesa de ambos ainda argumentava que havia risco de eles serem
processados duas vezes pelas mesmas acusações, o que a lei proíbe.
"Passa por inusitado desmembrar e mandar para Curitiba e Brasília.
Daqui a pouco vai surgir conflito. No caso específico, me parece que tem
razão o agravante, porque se os fatos não guardam relação com a questão
da Lava Jato, o tema não deveria ser encaminhado a Curitiba e sim às
varas do Distrito Federal. Não se trata de encaminhar para várias para
que os juízes definam, o que causaria insegurança jurídica. Me parece
assente que o caso não se relaciona à Petrobras, mas sim ao BNDES e à
JBS", afirmou Gilmar Mendes.
Ao votar para manter os depoimentos com os dois juízes, Fachin
justificou que a decisão não definia de forma permanente a competência
dos dois para julgar os casos, o que poderia ser discutido
posteriormente em outra ação.
"Entendo que nessa hipótese não há desmembramento nem definição de
competência [...] Havendo dois inquéritos, em duas seções distintas, e
que o conteúdo é plural, remeti cópias a ambas as sessões judiciárias",
afirmou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário