quinta-feira, 24 de agosto de 2017

PSDB susta guerra interna e apodrece em paz

Josias de Souza

Depois de trocar bicadas em público, Tasso Jereissati e Aécio Neves, presidentes interino e licenciado do PSDB, selaram um armistício. Há “paz no ninho tucano”, disse Aécio na saída de uma reunião com os presidentes estaduais do partido.
Havia guerra porque a banda de Tasso executou a cantilena da autocrítica. E a charanga de Aécio continuou tocando de ouvido com Michel Temer. Harmonizados, esses dois conjuntos executam uma peça muito parecida com uma marcha fúnebre.
O PSDB nasceu de uma dissidência que abandonou o PMDB sob o argumento de que não suportava mais a ideia de conviver com gente como Orestes Quércia. Hoje, empurrado pelas circunstâncias para dentro do governo de um PMDB em avançado estágio de decomposição, os tucanos se comportam como crianças que brincam na lama depois do banho.
Temer dizia representar uma “ponte para o futuro”. Não passa de uma “pinguela”, disse um cáustico FHC. Pois bem. A ponte tosca ruiu. Caíram todos no lodaçal. A autocrítica de Tasso dava a impressão de que um pedaço do PSDB queria saltar do lodo. Mas a trégua com o grupo de Aécio, que coabita com Temer o escândalo da JBS, mostra uma vocação hedionda para a acomodação. Certos conflitos são vitais. Interrompida a guerra interna, o PSDB já pode apodrecer em paz.

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