Josias de Souza
O PSDB reuniu nesta quarta-feira sua Executiva Nacional. O encontro ocorreu no instante em que está no ar uma inusitada propaganda televisiva do partido. Nela, o tucanato reconhece que errou. Mas se abstém de dizer quais foram os seus pecados. Limita-se a convocar a plateia para assistir ao programa de dez minutos que será exibido na quinta-feira da semana que vem. Licenciado da presidência da legenda, Aécio Neves participou do pedaço inicial da reunião.
Ao sair, Aécio disse aos repórteres a Executiva tucana foi convocada para “iniciar uma transição extremamente harmoniosa.” Deu a entender que ainda dá as cartas: “Indiquei o senador Tasso [Jereissati] como presidente interino do partido nesta transição.” Fez questão de realçar: “É uma transição absolutamente pacífica.”
Quer dizer: tomado pelas palavras, Aécio não considera que o OSDB erra ao tolerar os seus desvios. Fala como se tivesse decidido, numa linda manhã, confiar a Tasso Jereissati o comando interino do partido. Esquece de mencionar (ou lembra de omitir) que foi empurrado para essa posição pela escandalosa descoberta de que recebeu R$ 2 milhões do delator Joesley Batista por baixo da mesa.
“Continuarei ao lado do senador Tasso e da Executiva”, declarou Aécio. Logo ficará demostrado, disse ele, que o PSDB é “o partido mais apto a liderar um grande tempo de mudanças estruturais no país.” Hã, hã…
Instado a comentar o comercial em que o partido diz ter cometido erros, Aécio escorregou: “Não participei dessa elaboração. Acho que é uma tentativa de uma reconexão do PSDB com a sociedade. […] Acho que é uma tentativa, do ponto de vista de comunicação, de mostrar que, além dos acertos que nós tivemos e não foram poucos, certamente alguns equívocos o PSDB cometeu.”
Quais equívocos?, insistiu um repórter. E Aécio: “Eu não participei da elaboração do programa e, provavelmente, o senador Tasso terá as melhores condições, já que deleguei a ele há algumas semanas essa condição.”
Ouvido, Tasso também disse coisas definitivas sem definir muito bem as coisas. Esquivou-se de inventariar os erros. ''Todos os partidos políticos estão no momento certo de fazer um mea culpa, é tapar o sol com a peneira dizer que não existe uma grande insatisfação da população brasileira com a classe política.'' Aécio ecoou: ''Acho que é uma tentativa de uma reconexão do PSDB com a sociedade.''
Cliente de caderneta do Supremo Tribunal Federal, Aécio coleciona nove inquéritos. A relação “harmoniosa” e “pacífica” que ainda mantém com o PSDB indica que o tucanato tornou-se um aglomerado capaz de tudo, menos de se reconectar com a sociedade. Por ora, o ninho ensinou ao país apenas que é errando que se aprende… A errar. Logo, logo Aécio será saudado nos encontros partidários como ''herói do povo brasileiro.''
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