sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Para leais, pão de ló! Para o resto, pão dormido’

Josias de Souza
A maledicência acomodou nos lábios de Maria Antonieta uma frase cáustica. Às vésperas da Revolução Francesa, falando sobre a fome que se alastrava pelo país, a rainha teria sapecado: ''Se não há pão, que comam brioches!'' Parafraseando o comentário que a soberana nunca fez, mas que se incorporou à sua fama, o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), leal escudeiro de Michel Temer, desenvolveu uma teoria de padaria para explicar como o presidente precisa agir para saciar o apetite do seu conglomerado partidário.
Disse Lúcio Vieira Lima: “Hoje, a base de apoio do presidente na Câmara soma 284 deputados. Isso inclui os que votaram a favor da interrupção da denúncia contra Michel Temer, os que se ausentaram da sessão e os que se abstiveram de votar. Esses deputados têm que ser tratados pelo governo a pão de ló. Mas não há necessidade de distribuir pedradas aos governistas que votaram contra o presidente. Se não há pão de ló para todos, que recebam pão dormido.”
O correligionário de Temer prosseguiu: “É natural que os aliados leais recebam pão de ló. Mas os que ficarem com pão dormido, mais duro, permanecerão vinculados ao governo, à espera de um complemento. E a cada nova votação importante, o presidente pode distribuir um cafezinho, para molhar o pão. É assim que funciona. Não tem outra forma de fazer. Michel Temer sabe disso. Já foi líder de partido. Já presidiu a Câmara três vezes.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário